A semana passada fiz aquela que julguei ser a última entrevista ao Sr. Constantino. Uma manhã inteira passada a olhar para uma croça, a anotar medidas, a contar pontos, a riscar as perguntas que levava escritas no caderno. Saí de lá convencida que todas as dúvidas estavam esclarecidas. Não seria assim. Quando cheguei a casa, ao escrever uma parte do texto, verifiquei que havia uns pontos que eu não conseguia perceber como se faziam.
Liguei-lhe anteontem e pedi aquilo que tenho sempre pudor em pedir às pessoas que entrevisto: que alterem a sua rotina e que façam coisas para eu ver e registar quando essas coisas não estavam previstas.
Hoje, o Sr. Constantino executou by request os pontos que eu não tinha ainda percebido. Estiquei-me e pedi-lhe, ainda, que congelasse o movimento dos seus dedos enquanto tecia os juncos para eu garantir que os gestos ficavam registados. Ele não se importou, eu sei que não se importou, mas eu continuo a sentir-me desconfortável quando faço estes pedidos.
Mostrei-lhe o meu caderno com desenhos (muito maus) da croça feitos numa altura em que eu tentava perceber como se articulavam as duas partes da peça.
Foram 11 sessões de trabalho que fizemos. E sempre a aprender coisas novas de cada vez que ia ter com ele. E a falar de coisas nossas.
E, assim de forma inesperada, afinal as abanetas chamam-se bacalhaus.
Bacalhaus, Sr. Constantino?!
E ele responde: fino!
O que na linguagem dele quer dizer: sim.
E as abanetas são o quê?!
E, segurando numa mini croça, responde: esta parte de fora, está claro!
E agora estou a mudar o texto todo :)
Os artesãos sempre me sedusiram.
ResponderEliminarAquele que mais me impressionou foi um pisoeiro.
Qualquer dia conto.
Cordial abraço,
mário
Wonderful photogaphy too. I meant to say before.
ResponderEliminarMário, infelizmente o Sr. Constantino não tem a visibilidade merecida. Enquanto não se perceber que é a técnica e não o produto que importa, estas pessoas vão permanecer na sombra.
ResponderEliminarThank you so much Jane :)