segunda-feira, 30 de julho de 2012

AS BROAS DOCES DA CASA ARMÉNIO


São servidas, às fatias, juntamente com o pão, as azeitonas, os pastéis de massa tenra e os bolinhos de bacalhau, como entrada. Mas, no restaurante, também podem ser compradas e levadas para se comer em casa ou onde bem apetecer. E apetecem. Porque é difícil resistir a  tantas nozes e sultanas acamadas numa massa húmida, compacta, cítrica e ligeiramente adocicada.


sábado, 28 de julho de 2012

PICOLÉ DE MELANCIA


Enquanto o desidratador solar que encomendei não fica pronto (já vai ser difícil aproveitar as ameixas do quintal para secar), vou-me entretendo com os gelados. Desta vez fiz um simples picolé de melancia. Basta bater a polpa do fruto até ficar líquida, colocar nas formas e levar ao congelador. 

quinta-feira, 26 de julho de 2012

ARRILHADA, BICHEIRO, RAIFOL, COFE


Hoje voltei a casa do Sr. Manuel para ver os apetrechos que ele usava para pescar no penedo e com o bote a três milhas da costa. Explicou-me, entre muitas outras coisas, como usava o rile para apanhar o robalo, como colocava o isco na cana da Índia para atrair os peixes, os polvos e os caranguejos e como se utiliza o cofe para capturar, entre outros, o barbacho. E ainda houve tempo para recordar como as mulheres dali preparavam os fígados das raias para lhes extrair o óleo que depois era usado nas candeias.

 Isco (congelado) feito com as minhocas que se apanham no morraceiro

Cofe desmontado (em primeiro plano, os pesos de chumbo)

terça-feira, 24 de julho de 2012

DA MEDROA ÀS POMBAS



Medroa, Muja Velha, Cabeça da Tartaruga, Cabeça da Vara, Caldeirão do Meio, Caldeirão do Norte, Travessinha, Cavalo, Caramujo do Sul, Caramujo do Meio, Bico Torto, Penedo do Ferro, Penedo do Alto do Ferro, Lagar, Alta dos Bofes, Galé do Sul, Galé do Meio, Galé do Norte, Mal Afortunado, Alta da Emide, Emide do Norte, Vale de Vito, Pedra Grande, Beira do Poço, Alta dos Besteiros, Cagada, Penedo Rasteiro, Pedra da Cevada e Pombas.
Fomos ver das pedras. O Sr. Manuel Paurrinhas, o João, o sobrinho neto, e eu. Uma manhã inteira a fazer o percurso entre Buarcos e o Teimoso e a aprender os nomes das pedras. E das altas, as extensões de areia que ficam entre cada cada conjunto de pedras e que são suficientemente grandes para ganharem nome. 
Também as pedras só ganham nome porque têm importância. E ter importância mede-se, sobretudo, pela variedade e pela quantidade de espécies que abrigam.
Ir ao penedo significa que se vai pescar para as pedras. Este território masculino, onde os homens provam a valentia, é invadido, nesta altura do ano, pelos turistas que brincam aos exploradores. Mas é preciso sabedoria para encontrar os bichos. É nas beiras, pedaços de rocha onde se abrigam os animais, que é preciso procurar. E esse é um saber dos homens desta fronteira.
E no meio da conversa sobre o mar de Buarcos e sobre o penedo, houve muitas histórias da pesca do bacalhau, dos encontros com esquimós e das comidas de pescador que não se encontram nos restaurantes. 



sábado, 21 de julho de 2012

AS ARTES DO MAR - MANUEL PAURRINHAS


E começa um novo projeto. Ligado à Figueira da Foz, a Buarcos, ao Cabedelo, às praias, ao surf e aos homens e mulheres que vivem do mar e com o mar. Na companhia do Miguel Figueira, e por intermédio do Índio, um surfista da terra e presidente da Associação de Surf da Figueira da Foz (ASFF), fui conhecer o Sr. Manuel Porriço. Tem 82 anos e conhece os nomes de todos os rochedos desde Buarcos até ao Cabo Mondego. Polvos e robalos são apenas algumas das espécies que aprendeu a pescar com os mais velhos ali mesmo nesses rochedos. Sem barco e com meia dúzia de apetrechos. Segunda feira de manhã voltarei a casa dele. Iremos até à beira de água para falarmos das artes do mar. 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O MAR À CIDADE



Imagine que lhe propõem ir fazer férias para uma cidade que tem uma praia com um areal tão extenso que precisa de percorrer mais de um quilómetro até chegar à beira de água, mas onde dificilmente conseguirá tomar banho devido à rebentação. Imagine que há, nas imediações da primeira, mais duas praias que pode utilizar. Uma, onde terá dificuldade em estender a toalha de banho, pois as ondas chegam bem perto do lugar onde deixou o seu carro estacionado, fica mesmo ali ao lado. Na outra, mais distante, pode tomar banho mas, se quiser fazer surf, aproveite que estão a matar as ondas. Não vai, pois não? Bem vindo à Figueira da Foz, a minha cidade.
A geração dos anos 70 cresceu com uma praia já suficientemente extensa, mas onde ainda se conseguia ir a banhos e com a memória, repetida pelos pais e avós, de uma cidade voltada para o mar que acolhia turistas nacionais e estrangeiros encantados com as areias e as águas da Praia da Claridade e, certamente, com a natureza exuberante da Serra da Boa Viagem.
Da Serra da Boa Viagem, desgastada pelos muitos incêndios e por atuações vergonhosas de sucessivos executivos camarários que, permitindo construções nas encostas, conduziram à sua descaracterização, falarei numa outra ocasião.

Figueira da Foz, Buarcos e Cabedelo. Três praias que, por razões diversas, terão poucas possibilidades de voltar a ser os bilhetes postais desta cidade se, nas soluções do futuro, se repetirem as asneiras do passado.
Todos os dias, pelas 7h30 da manhã, percorro parte da Avenida 25 de abril e, todos os dias, olho para um areal salpicado de equipamentos desportivos que, como refere o Miguel Figueira, vencedor do Movimento Milenium com o projeto Cidade Surf, deveriam ter sido colocados no lugar certo, o parque das Abadias. Só foram instalados na praia para encher uma vastidão difícil de preencher.
O mar vê-se ao longe mas, baixando os olhos, mesmo ali junto ao passeio, estão as tampas do sistema de esgotos para nos darem as boas vindas ao areal. São a antecâmara de uma praia que perdeu a alma. 
Os postais dos anos 40, 50 e 60 mostram uma praia repleta de veraneantes com as águas, calmas, muito mais próximas da Torre do Relógio e da Esplanada. Então, podia-se ir a banhos e não era preciso pertencer aos Navy Seals para conseguir entrar, nadar e voltar a sair do mar. Se a ideia é fazer com que a praia da Figueira da Foz seja um elemento central na oferta turística desta cidade, os caminhos traçados não têm sido os mais inteligentes.
E não basta recuar às décadas de 40, 50 e 60 para perceber a importância da cidade como estância turística. No último quartel do século XIX, como bem atestam as fotografias que o Jorge Dias tem vindo a recolher, a Figueira da Foz tinha uma enorme relevância marítima e fluvial.

A acumulação de areias na praia da Figueira, provocada pelo prolongamento do molhe norte do rio Mondego tem, no Cabedelo, o efeito contrário: o recuo da praia e o fim das ondas que possibilitam a prática do surf.
O Movimento SOSCabedelo tem vindo a sensibilizar a opinião pública para o impacto da deriva das areias na praia do Cabedelo que resultará no fim das ondas que atraem os surfistas à Figueira da Foz e colocará a cidade fora do circuito mundial do surf. Nem é preciso falar das perdas em termos de receitas para os operadores turísticos da região se tal vier a suceder.
A solução poderá passar pela colocação de um Bypass sob o Mondego que permitiria levar a areia de Norte, onde se acumula em excesso, para o sul, onde vai escasseando.

E depois há Buarcos. E os pescadores. E o riquíssimo capital cultural que aquela comunidade armazena e que tem sido incompreensivelmente negligenciado pelo poder local. Com a construção dos paredões de cimento paralelos à costa, com 150 metros, proposta do Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC), haverá, inevitavelmente, acumulação de areias na zona e as rochas irão ficar soterradas. As mesmas rochas que servem de habitat para muitas espécies cuja apanha constitui, ainda, modo de vida para as gentes de Buarcos.

Nessa fronteira, que é a orla costeira, onde a terra e o mar se encontram, nessa fronteira fluida, feita de recuos e de avanços, exercitam-se práticas ancestrais, gerem-se saberes, adquirem-se competências, rompem-se os limites da legalidade e reproduz-se, ativamente, a herança cultural de uma comunidade. E só faz sentido olhar para esta fronteira de forma integrada, considerando-se que, para além das areias e dos turistas, a solução passa, sobretudo, por escutar os de cá. A começar pelos que vivem do mar e que atravessam essa fronteira diariamente.

Quem estiver interessado em saber mais, pode consultar o blogue SOSCabedelo.



sexta-feira, 13 de julho de 2012

O MEU REINO POR UM PIRES DE AZEITONAS


azeitonas + azeite + orégãos + flor de sal + alho + sumo de limão

quinta-feira, 12 de julho de 2012

quarta-feira, 11 de julho de 2012

AS QUEIJADAS DO ARMÉNIO


A Casa Arménio fica mesmo no centro da vila de Tentúgal. Não vou repetir o que já se sabe: que as comidas são muito boas, o atendimento cordial e que apetece sempre voltar outra vez. A questão é que, na Casa do Arménio, se vendem mesmo as melhores queijadas de Tentúgal. A massa é crocante e faz o contraste certo com o recheio que tem a textura aveludada adequada e a doçura na medida correta. Vale a pena, portanto, não esgotar a aquisição de doçarias conventuais nas habituais casas da estrada nacional 111. 

sábado, 7 de julho de 2012

FEIRA DE COISAS VELHAS E BONITAS NA FIGUEIRA DA FOZ



Aqui na Figueira da Foz, nos primeiros sábados de cada mês, faz-se uma feira de coisas velhas e, muitas delas, bonitas. Hoje bem cedo, antes da grande chuvada, já os feirantes montavam as tendas e as bancas no Jardim Municipal. Fui lá depois do almoço, em busca de um enorme garrafão de vidro que tinha catrapiscado de manhã quando voltava com a Pipoca para casa. Mas o garrafão era excessivamente caro e acabei por prestar atenção a uma das bancas onde se vendiam vidros das fábricas que entretanto fecharam na Marinha Grande. Estas garrafas foram quase dadas e o vendedor ainda me esteve a contar a história de alguns dos objetos que tinha por lá. Numa outra banca acabei também por comprar uma velha camisa de dormir e um saiote, ambos em algodão grosso. Já sabem como gosto de roupa interior antiga :)
Nesta feira de coisas velhas e bonitas encontram-se, para quem tiver paciência para olhar demoradamente, os últimos testemunhos de uma sociedade rural, recordações de tarefas domésticas executadas sem recurso a máquinas e a instrumentalidade ligada a diferentes ofícios como o sapateiro, o barbeiro e o carpinteiro.
Daqui a um mês haverá mais... 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

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Sou uma antropóloga que só pensa em comida...
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