Explicaram-me, lá em cima, que a cor vermelha dos saiotes tinha uma funcionalidade muito própria. Nos dias em que a mulher estava
menstruada, e na ausência de cuecas e de pensos higiénicos, traçando-se a parte
da frente com a parte de trás do saiote (o que implicava que este fosse
bastante rodado) e prendendo-se a peça com a ajuda de um alfinete de ama, as mulheres protegiam a
roupa de manchas indesejáveis. Nesses dias, o saiote era usado por baixo da camisa,
uma combinação em estopa, linho ou pano cru. Nos restantes dias invertia-se a
ordem: o saiote era colocado por cima da camisa interior, portanto, mais longe da pele.
Para tingir esta meada, que trouxe da Casa da Lã de Bucos, usei tinta que comprei numa drogaria em Cabeceiras de Basto, onde habitualmente as mulheres de Salto se abasteciam deste produto. Desta vez, não foi preciso seguir as indicações da D. Benta, pois a tinta vinha com instruções próprias. Não tem de se ferver a lã como fiz com os líquenes do castanheiro e do carvalho. Foi tudo muito mais rápido...mas menos ecológico!