sábado, 28 de dezembro de 2013

DEPOIS DOS EXCESSOS E NOVOS INDIVIDUAIS PARA A MESA

Cá em casa as festas fazem-se de excessos assumidos. Não há contenção e não se sente culpa. Não se andam a contar filhós enquanto se olha de soslaio para a coxa, não se prova um niquinho de pudim de ovos porque a ideia é mesmo encher a taça com o dito e não se fica a aguar perante a mousse de chocolate. Em resumo, são festas sem comportamentos neuróticos. Come-se e pronto. Nem se vem postar ao blogue cada vitória (rejeição) de bilharacos. A razão é simples: o corpo já se desabituou de comer as ditas iguarias de modo que, ao fim de 48 horas, já pede sopas de verduras, muitos vegetais e frutas. Bem me podem pôr na frente o bolo de cenoura e as broas doces de batata que a mãe do C. fez, mais o pão de milho que preparei na noite da Consoada...

Ingredientes para um pequeno almoço mais leve:
Iogurte biológico
Framboesas desidratadas e framboesas congeladas
Maçãs desidratadas
Açúcar de coco
Açaí
Erva trigo
Sementes de chia


E hoje, para além do pequeno almoço fresquinho, decidi estrear os individuais que fiz há dias. Usei um tecido que me trouxeram de Angola (mas made in Indonesia) e uma estopa que comprei em Cabeceiras de Basto com a D. Benta. Gosto muito do resultado!


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

MAIS UM WIKSTEN TOVA

É a terceira vez que faço este modelo. Desta vez, escolhi uma flanela de xadrez encarnada e cinzenta para fazer o meu primeiro vestido de inverno. Primeiro e único (embora já esteja de volta dos moldes de um novo modelo). O processo de confecção foi muito mais rápido, mas o facto do tecido não ser absolutamente simétrico (dei logo conta quando me preparava para dobrar e cortar o pano), pregou-me algumas partidas.
Há meses (terá sido uma resolução para 2013?...já não me recordo...) decidi deixar de comprar roupa. Bom, vou ser realista: decidi que só compraria roupa que não conseguisse fazer e que fosse absolutamente necessária. A verdade é que não comprei uma única peça de roupa durante este ano. Porque tinha a mais (despachei uma série de coisas no OLX), porque não precisava, porque me incomoda comprar coisas feitas por pessoas que trabalham num regime de quase escravatura e, finalmente, porque me dá um certo gozo conseguir fazer aquilo que uso. As peças não ficam perfeitas, mas vão ficando cada vez menos imperfeitas. 
Tenho ali uns bons metros de burel que comprei à Ecolã quando estive lá em cima. Tivesse a minha máquina de costura capacidade para lidar com o burel e as próximas peças seriam uma saia e uma pleated tote. Não sendo possível, vou optar por utilizar o cotim que fui comprar com a D. Benta a Cabeceiras de Basto para fazer este avental.


sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

RECICLAR MOBÍLIA

Assim, à primeira vista, esta mesa até parece estar em óptimas condições. Mas a imagem é absolutamente enganadora. Desde sempre que me lembro de ver esta mesa na casa de banho dos meus avós maternos. O meu avô usava-a para colocar os instrumentos para fazer a barba. Nessa época, era uma mesa de um castanho muito escuro, quase preto. Foi assim que me veio parar às mãos depois dos meus avós morrerem. Ficou uns (muitos) anos esquecida na arrecadação, à espera de uma nova vida e de uma nova casa.
Há umas semanas coloquei mãos à obra e lixei-a de alto a baixo. Deu-me uma trabalheira porque aquela tinta escura colava-se à lixa e dificultava o processo. Acabei por usar uma escova de arame e resolver o assunto mais rapidamente.


E depois, como já era previsível, pintei-a de branco. Não é que eu tenha qualquer obsessão com o branco. Nem sequer a inclinação para considerar que agora o que é bonito são os interiores de inspiração nórdica. Na verdade, isto é tudo uma questão de preguiça. O princípio é o mesmo da roupa: se for toda da mesma cor ou de tons semelhantes dá-me menos trabalho a combinar, pode ser lavada em conjunto e evita que eu perca muito tempo a decidir o que vestir. Com a casa, o processo é mais ou menos igual. Com paredes e móveis brancos, brincar com os objectos de cor torna-se mais simples. Pelo menos para mim. 


A mesa está agora na sala de estar. Uso-a, neste momento, para ter à vista um dos presentes de casamento que nos foi oferecido pela querida Antónia, uma das pessoas que entrevistei quando fiz a pesquisa de doutoramento e de quem me tornei grande amiga: este serviço da Anna Werterlund e que adoro!

terça-feira, 19 de novembro de 2013

SOPA DE LENTILHAS E COGUMELOS SHITAKE

De volta à Figueira por uns dias, aproveito para cozinhar com algumas das ervas aromáticas que tenho no quintal. Os coentros, que gosto de usar, juntamente com amêndoas torradas, na minha sopa de gengibre e maçã, os orégãos frescos e o tomilho. Com este frio de rachar, só me apetecem sopas quentes, mas gosto de lhes dar um toque de frescura com essas e outras ervas aromáticas. Tornam os pratos menos pesados e mais saborosos.
Hoje, optei por uma sopa de lentilhas. Usei lentilhas castanhas (as que encontrei disponíveis por cá) mas podem fazer esta sopa com lentilhas verdes (gosto especialmente da variedade Puy quer pela textura, quer pelo sabor). 


Os cogumelos shitake e as especiarias tornam a sopa mais saborosa - convenhamos, as lentilhas castanhas não são a coisa mais saborosa do planeta - e funcionam muito bem com as ervas aromáticas. Eu gosto de picante - por essa razão usei 3 vagens de piripiri - e de comida bem condimentada. Obviamente, a quantidade de especiarias usadas pode e deve ser adaptada ao gosto de cada um. 


A receita

Ingredientes
300 ml de lentilhas
250 gramas de cogumelos shitake frescos
1 alho francês
100 ml de azeite
1 colher de sobremesa de açafrão
1 colher de sobremesa de cominhos em pó
1/2 colher de café de noz moscada
3 piripiris 
1 1/2 litro de água
sal qb
coentros, tomilho e orégãos frescos


Preparação
Demolhar as lentilhas de véspera, escorrer a água e cozer em lume forte durante 10 minutos. Escorrer e reservar. Numa frigideira larga, colocar o azeite, as especiarias e o sal e levar a lume médio. Adicionar os cogumelos cortados às tiras finas e deixar cozinhar até os cogumelos ficarem tenros (cerca de 10 minutos). Retirar da frigideira e colocar na panela juntamente com as lentilhas. Adicionar a água e levar a lume forte para as lentilhas acabarem de cozer. 
Entretanto, na frigideira onde se cozinharam os cogumelos, deitar o alho francês cortado às tiras finas e deixar cozinhar durante cerca de 5 minutos. Juntar ao preparado de lentilhas e cogumelos, envolver, rectificar o sal e desligar o lume. Servir a sopa polvilhada de coentros, tomilho e orégãos frescos. 


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

PÃO DE AÇAFRÃO

Já fiz a receita base deste pão várias vezes. É rápida - não demora mais do que 5 minutos, se tanto, a misturar os ingredientes - simples e permite ter pão sem glúten à disposição dos amantes de pão cá em casa. É bom acabadinho de fazer, ainda quente e a fumegar, mas igualmente bom cortado às fatias e tostado no forno (ou na torradeira). 
Ontem experimentei fazer algumas alterações na receita original - juntei açafrão para dar esta cor fantástica e sementes de sésamo para o pão ganhar outra textura. E mudei também a ordem de incorporação dos ingredientes. O resultado foi melhor do que esperava. Ficou com uma textura muito distinta da receita original, menos densa e mais agradável.


A receita
Ingredientes
500 gramas de farinha de arroz
1 saqueta de fermento seco sem glúten
2 colheres de chá de goma xantana
3 colheres de sopa de açúcar ou açúcar de côco
1 colher de sopa mal cheia de flor de sal
1 colher de sopa de açafrão em pó
5 colheres de sopa de sementes de sésamo
550 ml de água morna
5 colheres de sopa de azeite

Preparação
Tostar as sementes de sésamo numa frigideira até começarem a ganhar cor. Reservar. Numa taça grande deitar a farinha, o fermento seco, a goma xantana, o açúcar, o sal, o açafrão e as sementes de sésamo e misturar bem. Juntar a água morna (não aquecer em demasia para não matar as leveduras) e mexer até obter uma mistura homogénea. Finalmente, adicionar o azeite e envolver bem. 
Deitar numa forma anti aderente bem untada com azeite. Se não possuir forma anti aderente, untar uma forma normal, forrar em baixo e nos lados com papel vegetal e voltar a untar. Cobrir com papel vegetal e deixar levedar 90 minutos num sítio aquecido. Normalmente cubro a forma com uma manta bem quente. 
Levar a forno pré aquecido a 200º, mantendo a forma tapada com o papel vegetal, durante cerca de 50 minutos. Nos últimos minutos pode-se retirar o papel vegetal para o pão ganhar cor.
Retirar da forma e deixar arrefecer sobre uma grelha para o pão não acumular humidade na base.


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

DAS MANHÃS

Mousse de banana e açaí, maçã caramelizada e lascas de amêndoa tostada. Para fazer a mousse,  cortar 3 bananas às rodelas e congelar durante umas horas. Retirar do congelador, deixar descongelar meia hora, juntar uma colher de sopa de açaí e triturar. Para a maçã caramelizada, cortar 4 maçãs às fatias, adicionar uma pitada de canela, uma colher de sopa de açúcar de coco e levar ao lume numa frigideira anti aderente com uma colher de sopa de óleo de côco. Num copo grande ou tigela, deitar a mousse, as maçãs caramelizadas e polvilhar com lascas de amêndoa tostada.



sexta-feira, 1 de novembro de 2013

ÉPICO DE CHOCOLATE

Isto não é um bolo... É o céu! Há muito que eu queria experimentar uma receita de bolo de chocolate sem nenhum tipo de farinha (nem sequer farinha de côco ou de amêndoa), sem açúcar convencional e que usasse óleo de côco como gordura. Encontrei esta receita aqui e fiz algumas modificações que funcionaram muito bem.
O bolo é deliciosamente épico! Denso e cremoso ao mesmo tempo. É intenso sem ser enjoativo. Não nos deixa enfartados, mas um quadrado é suficiente para nos satisfazer. 
Fica escandalosamente caro. O óleo de côco e o açúcar de côco são ingredientes bastante dipendiosos que, normalmente, uso com muita parcimónia quando cozinho. Desta vez, abri uma exceção e tenho aqui receita para repetir em datas festivas (umas três ou quatro vezes por ano).
A receita tem alguns passos aos quais é preciso dar atenção redobrada. Por exemplo, quando se unta a forma com óleo de côco, deve-se usar uma quantidade estritamente necessária, pois se se usar em demasia, quando o bolo vai ao frigorífico, cria uma película esbranquiçada que não é muito agradável de se ver. O processo de retirar o bolo da forma também não é muito pacífico. O ideal é mesmo usar uma forma desmontável (ver mais abaixo). Eu não tenho e usei uma forma rectangular com revestimento de cerâmica o que dificultou um pouco a tarefa.
Não creio, ao contrário do que vi na receita original e noutros blogues que a reproduzem, que seja possível comer uma fationa de bolo. Um quadrado acompanhado de frutas silvestres (usei framboesas) é suficiente para fechar uma refeição especial. Bom, confesso que não comi apenas um quadrado...era demasiado épico para resistir :)


Ingredientes
500 grs de chocolate preto (pelo menos 70% de cacau)
1 chávena de óleo de côco
3/4 chávena de açúcar de côco
6 ovos
2 colheres de sopa de sumo de laranja
raspa de uma laranja (orgânica)
uma pitada de flor de sal
cacau em pó e óleo de côco qb


Preparação
Untar uma forma com óleo de côco e polvilhar com cacau em pó. Reservar.
Bater os ovos, um a um com o açúcar de côco. O açúcar de côco é mais difícil de incorporar do que o açúcar normal de mesa (branco ou amarelo) de modo que esta operação é também um pouco mais demorada. Reservar.
Partir o chocolate em pedaços de tamanho aproximado (esta operação permite derreter o chocolate de modo mais uniforme). Em banho maria derreter o chocolate e o óleo de côco. Retirar do lume e juntar o sal, o sumo e a raspa da laranja. Envolver bem.
Juntar a mistura de chocolate e óleo de côco ao preparado dos ovos e do açúcar de côco envolvendo bem e rapidamente. Quando se envolvem os dois preparados, a temperatura do óleo de côco desce rapidamente o que confere à mistura uma textura elástica. Deve, por isso, deitar-se rapidamente na forma antes que a mistura se torne demasiado densa e difícil de manusear.
Levar ao forno em banho maria durante cerca de uma hora a 150º.
Se usar uma forma desmontável, deve cobrir-se o exterior desta com papel de alumínio para impedir que a água entre em contacto com o preparado.
Depois de arrefecer, guardar o bolo (ainda na forma) no frigorífico de um dia para o outro para que a massa estabilize e endureça.
Para desenformar, mergulhar a forma num recipiente com água a ferver durante breves momentos para facilitar a tarefa.

Sugestão de empratamento
Servir cortado em quadrados acompanhado de frutas silvestres ou gomos de citrinos.


terça-feira, 29 de outubro de 2013

NÉCTAR DE BETERRABA E GENGIBRE


E maçã e limão. Eu não gosto de viver em grandes cidades. Estudei e trabalhei em Lisboa mais de 20 anos e vivi sempre à margem da cidade. Senti-me sempre como um peixe fora de água, um desconforto permanente, uma enorme dificuldade em lidar com a poluição sonora, o excesso de estímulos, o ritmo de vida frenético. Depois de ter vivido em Chaves para fazer a pesquisa de doutoramento e de me ter deslumbrado com Trás os Montes, tornou-se ainda mais difícil lidar com a vida na grande cidade. O tempo que passei em Barroso, nessa altura já com residência oficial na Figueira da Foz, foi aquele que mais se aproxima do que idealizo: rodeada de uma natureza selvagem, agreste e deliciada com o barulho do silêncio. Retenho, dessa época, imagens idílicas que resgato de cada vez que me vejo imersa na confusão de Lisboa. Como uma estratégia de sobrevivência para manter a sanidade. 
Agora que voltei a viver em Lisboa não tem sido nada fácil esta (nova) adaptação. Eu bem que imagino que estou na praia da Figueira ou lá por terras de Barroso e que em vez dos automóveis estou é rodeada de vacas barrosãs ou ovelhas...mas nem sempre funciona! E as minhas duas bichas - a Pipoca e a Seara - também me fazem muita falta, especialmente nas caminhadas matinais pelos poucos espaços verdes que esta cidade tem. Não tem sido mesmo nada fácil...
Já as experiências com novos sumos e néctares vão pelo bom caminho :)

Ingredientes
2 beterrabas pequenas
4 maçãs
1 limão
1 pedaço de gengibre de 3cm
500 ml de água mineral

Preparação
Descascar o gengibre e reservar. Descascar o limão e retirar toda a parte branca e caroços aproveitando apenas os gomos. Descascar e cortar em pedaços pequenos as beterrabas e as maçãs. Na Bimby ou noutro processador de comida colocar todos os ingredientes sólidos e triturar o tempo suficiente para reduzir a puré (na Bimby, 10 segundos, velocidade 7). Juntar a água e programar mais 1 minuto em velocidade 9 (basicamente para obter uma mistura uniforme). 
A quantidade de água que se junta depende do gosto de cada um. Se gostar de bebidas mais encorpadas, juntar menos água. 


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

PÃEZINHOS DE MANDIOCA COM CHIA

As minhas experiências na cozinha com a mandioca têm sido muito limitadas. Há uns anos lembro-me de ter feito um caril de legumes e de ter usado como acompanhamento  mandioca cozida e depois salteada em vez do arroz. E apesar de ter gostado bastante do sabor e da textura da mandioca, o certo é que este produto não tem grande protagonismo na minha cozinha. Bom, na verdade, não estou a contar com os pães de queijo, coisa maravilhosa que a diáspora brasileira trouxe até nós, já que o polvilho, um dos ingredientes base, é um sub produto da mandioca. Nas minhas pesquisas online descobri a Neide que escreve verdadeiros tratados sobre a mandioca. Aqui e aqui, para quem tiver curiosidade sobre o assunto.
Há muito que procurava uma receita de pão de queijo vegan: sem leite e sem queijo. Encontrei-a aqui e apenas fiz ligeiras adaptações. 


Ingredientes
500 grs de mandioca cozida e escorrida
500 grs de polvilho azedo
150 ml de azeite
2 colheres de chá de flor de sal
4 colheres de sopa de chia
1 colher de café de açafrão em pó
água qb

Preparação
Descasque e corte a mandioca em cubos (quanto mais pequenos, mais rápida será a cozedura). Coza em água abundante até a mandioca ficar mole. Escorra. Na Bimby, ou num outro processador, triture a mandioca até obter uma massa uniforme. Uma chamada de atenção para esta parte da receita. Ao se triturarem os cubos de mandioca, a massa que se forma torna-se bastante elástica, como se fosse uma cola. Uma solução passa por adicionar logo nesta etapa do processo parte da água. Se assim não for, existe alguma dificuldade em extrair a massa do aparelho.
Numa taça grande deite o polvilho, o sal, a chia e o açafrão. Junte o azeite e envolva com os dedos de modo a formar grumos. Junte a massa de mandioca e vá adicionando a água aos poucos até obter uma mistura uniforme, consistente e que se despega dos dedos com alguma facilidade.
Molde bolinhas e num tabuleiro untado com azeite leve ao forno (180º em forno com ventilador). Vá verificando até as bolinhas se terem expandido e obtido uma cor dourada.


Quem disser que fica igual ao pão de queijo tradicional...mente :) O sabor é distinto mas a textura é muito semelhante. E agora que já despachei uma quantidade inconfessável de pães de mandioca, vou ali fazer um sumo de maçã e beterrada com limão e gengibre a ver se refresco as ideias ;)

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

COMIDAS NORMAIS


As minhas comidas do dia a dia são normalmente muito simples é rápidas de preparar. Verduras, muuuuuuitas verduras, alguma proteína, como ovos ou queijo de cabra, e sementes qb. No que diz respeito à dimensão sensorial da comida, para além dos sabores, presto atenção às texturas e ao modo como se complementam e equilibram. Este prato de comida sem as sementes e a cenoura teria ficado com uma textura demasiado branda e pouco apelativa. A couve, por exemplo, também foi apenas escaldada para se manter rija. Se tivesse usado bróculos, teria dado um golpe em cruz no talo, colocado os florestes em pé no tacho de modo a que apenas os talos ficassem mergulhados na água e as cabeças cozessem com o vapor.
A doçura das sementes tostadas com mel acabou por conferir ao prato outro interesse e o tempero necessário. E a combinação com o óleo de côco também funcionou muito bem.


Ingredientes
1 alface
1 cenoura
1 couve pequena
1 beringela
2 colheres de sopa bem cheias de óleo de côco
1 colher de sopa de mel
1 noz de manteiga
1 colher de sopa de sementes de abóbora
1 colher de sopa de mistura de linhaça e sementes de girassol
flor de sal qb
açafrão qb
piripiri qb
2 ovos

Preparação
Cortar a alface e a cenoura em fatias bem finas. Cortar as folhas de couve em fatias finas, levar ao lume para escaldar (1-2 minutos) e escorrer de seguida. Reservar.
Numa frigideira, anti-aderente (de cerâmica) derreter em lume brando metade do óleo de côco juntamente com o açafrão e a flor de sal. Colocar a beringela cortada às fatias e deixar tostar dos dois lados. O óleo de côco confere à beringela uma certa doçura que contrasta e equilibra o amargo natural do vegetal. Reservar.
Escalfar os ovos e reservar.
Novamente na frigideira colocar a outra colher de óleo de côco, o piripiri e o mel. Juntar as sementes de abóbora, girassol e a linhaça e deixar fervilhar até começar a caramelizar.
No empratamento prefiro colocar as sementes por cima da alface e a noz de manteiga sobre as couves ainda quentes, mas é tudo uma questão de gosto pessoal!


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

GRAIN FREE GRANOLA

Há dois anos eu fazia granolas assim. Depois comecei a seguir fielmente este blogue e este (bom, e muitos outros que têm orientações semelhantes). As explicações sérias, fundamentadas e detalhadas destes dois investigadores sobre os alimentos que nos fazem bem e mal levaram-me a grandes alterações em relação à comida que passei a colocar no prato. Não me tornei fundamentalista, não encaro a nova forma de me alimentar como uma dieta, mas sim como um estilo de vida que passou a fazer muito mais sentido e que me faz sentir muito melhor. 
Não como cereais, com exceção do arroz, ainda que pontualmente. A sensação de inchaço e as dores nas articulações desapareceram por completo quando excluí o glúten da minha cozinha. Abro exceções, claro. O casamento foi uma delas :) Mas também percebi o impacto negativo que esses alimentos tinham no meu organismo. E as exceções são isso mesmo: exceções. E não são as exceções que nos fazem mal, são os hábitos quotidianos, o acumular de asneiras dia após dia.
Cortei nos açúcares, com exceção do açúcar de côco (ainda em análise...) e do açúcar naturalmente presente nas frutas (já agora, sobre o impacto da frutose no organismo, ler isto e isto, só para começar). Não foi difícil, ao contrário do que esperava, o processo de adaptação e de exclusão dos doces da minha alimentação. Na verdade, passados dois anos, deixei de apreciar alimentos excessivamente doces (chocolate, só com 70% de cacau) que, aliás, me provocam dores de cabeça.
Para quem corta nos cereais, talvez o mais difícil seja decidir o que comer ao pequeno almoço. Parece não haver alternativas. Sem pão, sem cereais de pacote carregados de açúcar, sem biscoitos e bolachinhas fica-se convencido que se vai passar fome! Confesso que no início esta foi a minha principal dificuldade. Durante muito tempo comi fruta, apenas fruta, em forma de batido, sumo ou salada. Era claramente insuficiente, pois após duas horas estava com uma fome de gladiador! Continuo a comer fruta, mas junto com a fruta consumo um ovo escalfado, algum queijo e manteiga. 
Por vezes, apetecem-me outras coisas como granola com leite de côco (caseiro, naturalmente). A granola que faço agora já não leva cereais. Não tem açúcar adicionado (apenas aquele que está naturalmente presente nos ingredientes usados e que já não é pouco), é bastante densa e pouco doce. Resumindo,  esta granola deve ser consumida com moderação. Uma colher de sopa bem cheia com uma taça de leite de côco e frutas silvestres já me deixa mais do que satisfeita.


A receita é composta por duas partes: uma base e um composto aglutinador. A base tem uma mistura de amêndoas, nozes e caju, mas podem usar outros frutos secos como avelãs, macadâmias, nozes pecan. O composto aglutinador é aquele que permite colar os ingredientes da base. Utilizei bananas, tâmaras e óleo de côco, mas há quem prefira usar, também, manteiga de amêndoa ou avelã. 



Ingredientes
2 chávenas almoçadeiras de amêndoa sem casca
2 chávenas almoçadeiras de miolo de noz
2 chávenas almoçadeiras de caju cru
1 chávena almoçadeira de uvas passas
1 chávena almoçadeira de côco ralado

6 bananas pequenas
1 chávena almoçadeira de tâmaras Medjool (cerca de 17 unidades)
1/2 chávena almoçadeira de óleo de côco (aproximadamente 3 colheres de sopa muito bem cheias)

Preparação
Primeiro, a base. Na Bimby (ou noutro robot de cozinha) triturar grosseiramente a amêndoa, a noz e o caju. Retirar para uma taça grande e juntar o côco ralado e as uvas passas.
Para a cola processar as bananas, as tâmaras previamente demolhadas duas horas e o óleo de côco até obter uma pasta homogénea. Juntar esta pasta ao preparado anterior e envolver bem.
De seguida, colocar num tabuleiro e levar ao forno até a granola secar. Os tempos são variáveis dependendo do tamanho do tabuleiro e do facto do forno ter ou não ventilador. De qualquer forma, a mistura deve ser revolvida com alguma frequência para evitar que queime. Eu prefiro optar por manter a temperatura do forno mais baixa e ligar o ventilador. Isso permite-me menor vigilância e menos reviravoltas da mistura enquanto o processo dura.
Para guardar a granola, escolho sempre recipientes de vidro herméticos e o frigorífico de modo a evitar alterações de temperatura que possam prejudicar o tempo de vida consumível do produto.
Bom apetite!




segunda-feira, 14 de outubro de 2013

ESPARGUETE DE COURGETE COM MOLHO AGRIDOCE



Comecei a fazer esparguete de courgete lá pelo ano de 2007. Nessa altura vivia numa casa insalubre em Chaves e estava a fazer o terreno para o meu doutoramento sobre a cultura alimentar no concelho. Meses antes, ainda em Lisboa, tinha começado a ler sobre crudivorismo e começava a acumular livros sobre raw food comprados (de forma quase bulímica) na Amazon. Mergulhar na comida crua, em Chaves, em pleno inverno e numa casa onde o frio era mais intenso do que na rua, não foi propriamente muito animador (e inteligente)...mas, desde então, adotei algumas receitas crudívoras na minha alimentação do dia a dia. Porque gosto dos sabores, porque as comidas cruas me fazem sentir mais leve e para equilibrar alguns excessos que por vezes cometo. 
Por exemplo, no congelador jaz um belo pedaço de bolo de noiva. Pão de ló de chocolate, recheado de mousse de chocolate e frutos silvestres e SEM cobertura de pasta de açúcar é coisa a que dificilmente resisto. Ainda mais porque saiu exatamente como o idealizei (obrigada Encontrus!).
Na altura não tinha spiralizer - ainda não tenho :( - mas o descascador de legumes com dentes (deve haver uma designação mais apropriada para isto) permite obter razoáveis resultados. Uso a técnica da Danielle para retirar o excesso de água ao esparguete, ou seja, seco no forno até perder grande parte da sua humidade. Deixei de recorrer à técnica de escorrer os fios de courgete no passador. Era uma espera inglória. Ficava sempre água suficiente para empapar o resto dos ingredientes no prato.
Bom, desta vez optei por fazer o esparguete de courgete com ananás cozinhado num molho agridoce. Já tinha feito outras experiências com molhos agridoces mas crus e não fiquei tão satisfeita, talvez por o resultado final me parecer sempre pouco consistente. 
Este molho agridoce permite dotar o esparguete do sabor de que a courgete carece. Assim como as amêndoas e sementes de abóbora tostadas em óleo de côco conferem ao prato a dimensão crocante necessária para equilibrar a textura mole da courgete. Vamos à receita? As quantidades são para uma pessoa. À noite cozinha-se para dois ;)


Ingredientes
Uma courgete

Ananás com molho agridoce
Uma taça almoçadeira de ananás cortado aos cubinhos
5 colheres de sopa de azeite
Umas gotas de piripiri (depende do gosto de cada um, mas eu costumo carregar no picante!)
1/2 colher de sobremesa de cúrcuma
3 colheres de sopa de xarope de ácer (também podem usar mel, mas o sabor não é tão bom)
flor de sal qb

Tostada de amêndoas e sementes de abóbora
3 colheres de sopa de sementes de abóbora
3 colheres de sopa de amêndoas com casca
2 colheres de sopa de óleo de côco
flor de sal qb


Preparação
Descascar a courgete e com o spiralizer ou o descascador de legumes dentado fazer o esparguete. Descartar o interior da courgete onde se alojam as sementes. Forrar um tabuleiro com papel absorvente e colocar o esparguete de courgete. Levar ao forno até secar. O tempo de secagem é variável. Fornos com ventilador fazem o serviço num ápice. 

Para fazer o ananás com o molho agridoce, colocar num pequeno tacho todos os ingredientes, com exceção do ananás, e levar ao lume até levantar fervura. Nessa altura juntar o ananás e, em lume médio a forte, deixar cozinhar até caramelizar, mexendo com frequência. O molho deve ficar espesso e os cubos de ananás tostados nas arestas.

Para a tostada de amêndoas e sementes de abóbora colocar todos os ingredientes num tachinho e levar a lume forte até os frutos secos e as sementes ficarem bem tostadas.

Empratamento
As minhas preferências vão sempre para a separação dos diferentes componentes no prato. A mistura de sabores e de texturas é um processo muito individual. Há quem goste de misturar tudo antes de começar a comer, ou quem prefira ir fazendo misturas seletivas no garfo ou já na boca. Pertenço à segunda tribo.

sábado, 12 de outubro de 2013

HONEYMOON E SHOT DE CHIA COM LEITE DE CÔCO, MEDRONHOS E MANGA

Ainda nas nuvens, depois de um dia mais que perfeito, magistralmente registado pela Mariana, experiência radical numa yurta em Madeirã e descoberta do Pinhal Interior. 


Colheram-se medronhos nas beiras dos caminhos e cozinhou-se sopa de lentilhas da Palestina e pão de milho e sementes ao ar livre. Pelas manhãs, fruta, muita fruta, comida enquanto os raios de sol nos aqueciam.


De volta a casa, tempo para experimentar os medronhos. Um shot de leite de côco com sementes de chia adoçado com açúcar de côco. A acompanhar, lascas de manga e os medronhos frescos. A ver se restabelecemos o equilíbrio depois de tantos excessos alimentares dos últimos dias :)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

EM PONTO DE REBUÇADO

Uma hora e meia de corrida na praia atrás da Pipoca e é impossível não ter vontade de fazer um mega batido de leite de amêndoa, beterraba, chia, banana e açúcar de côco.
Começo por demolhar uma colher de sopa de chia em sumo de duas beterrabas pequenas durante meia hora (o tempo suficiente para tomar banho e fazer uma esfoliação corporal com sêmola de milho e óleo de côco). 
Ao leite de amêndoa (receita aqui) junto uma banana bem madura e trituro com a varinha mágica. Depois, adiciono o sumo de beterraba com chia envolvendo bem. Juntei ainda uma colher de sopa mal cheia de açúcar de côco para adoçar, mas não é imprescindível. O batido já é suficientemente doce sem o açúcar de côco.



Mas como estou em ponto de rebuçado, a dois dias de me casar, achei que tinha mesmo de adoçar o batido :) O segundo vestido da festa, homemade, já está pronto há uns dias. Mais uma versão do modelo da Jenny Gordy que me atrevi a fazer num daqueles momentos de insanidade: "ah, se não consegues fazer o vestido principal, ao menos fazes os das madrinhas e o que vais usar depois da meia noite". Um mini-mini vestido para tratar do popcorn bar ;)


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

KEFIR COM PAPAIA E MAÇÃ + TREINOS DE FECHO DE CORRER

Sim, os meus pequenos almoços são sempre assim. Assim e/ou com queijo e/ou ovos. Suficientes para estar sem fome umas boas quatro ou cinco horas e reconfortantes qb especialmente depois de 60 minutos em marcha rápida atrás da Pipoca e da Seara. O kefir faço-o normalmente com leite de cabra. Aqui na Figueira da Foz é impossível encontrar este tipo de leite biológico. Só mesmo indo a Coimbra. A avelã que se vê na fotografia foi triturada com açúcar de côco, mas não ao ponto de ficar pulverizada (como fiz aqui) porque os restantes ingredientes já são suficientemente brandos e necessitam de um elemento que lhes confira textura.


Entretanto, continuam os treinos com os fechos de correr. Segui as indicações do Grande Livro da Costura e já começo a ficar mais satisfeita com os resultados. Não consigo é evitar uma hecatombe de agulhas :( Gauche!


terça-feira, 27 de agosto de 2013

FLAN DE COURGETES E UMA SAIA DE GANGA

Esta é uma das minhas receitas favoritas para aquelas ocasiões em que me apetece fazer um prato com alguma apresentação mas que não me obrigue a passar um dia inteiro na cozinha (que é basicamente o que acontece sempre que tenho convidados cá em casa e me convenço que tenho de fazer um jantar com sete ou oito coisas diferentes...). Bom, adiante.
À receita base  -os ovos, a maizena, o queijo- podem ser adicionados outros ingredientes que não o refogado de courgetes. As cebolas podem ser substituídas por alho francês, as courgetes por beringelas (ou mesmo por camarão, salmão fumado, galinha previamente cozida). As variações são infinitas.


Ingredientes
4 ovos
150 gramas de queijo (usei um queijo curado de ovelha e vaca do Rabaçal)
4 colheres de sopa (rasas) de maizena
3 cebolas pequenas
1 courgete média
1/2 chávena de azeite
piri-piri qb
flor de sal qb
cúrcuma qb
coentros frescos

Preparação
Numa frigideira larga e com tampa, colocar o azeite, a cúrcuma, o piri-piri, e levar a lume médio deixando que as especiarias comecem a fervilhar. Juntar as cebolas e, de seguida, a courgete cortadas em fatias muito finas (usei a mandolina). Tapar a frigideira e deixar o tempo suficiente para as cebolas e a courgete ficarem transparentes.
Entretanto, batem-se os ovos numa taça e depois junta-se a maizena e o sal. Emvolver bem com o batedor de varas. De seguida, adicionar o queijo picado, os coentros e, finalmente, o preparado de cebolas e courgete. Deitar na forma (a que usei é de cerâmica anti-aderente) e levar ao forno a 180º durante cerca de 20 minutos. Já está!


Enquanto o flan coze no forno acabei a saia de ganga. O molde que usei foi o da Barcelona Skirt da Amy Butler. Fi-lo bastante mais curto do que o modelo original. O objetivo era ter uma saia de outono/inverno para usar com galochas e, por essa razão, o comprimento ficou um pouco acima do joelho. Como queria  bolsos (na parte da frente e atrás), copiei o modelo das minhas únicas calças de ganga para os bolsos de trás e o de uma saia/calção para os bolsos da frente. Aproveitei para treinar os ensinamentos do Grande Livro da Costura sobre bolsos. Optei por fazer bolsos de chapa por me parecerem mais simples de executar (afinal, foram os primeiros bolsos que fiz!) mas forrei-os do mesmo tecido que usei para o forro da saia. Claro que me deveria ter lembrado de os pespontar na parte em que não são cosidos à peça...
A maior aventura foi mesmo colocar o fecho...consegui partir uma agulha da máquina (vá lá, desta vez não parti um carreto...) e não fiquei inteiramente feliz com o resultado. Conclusão: tenho de treinar colocação de fechos! Acho que vou aproveitar a ganga sobrante e fazer uma clutch.


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Sou uma antropóloga que só pensa em comida...
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