Primeiro, lava-se a lã com sabão rosa. No fundo do pote de ferro ou do caldeiro de cobre ou de folha devem colocar-se alguns trochinhos de urze em duas camadas perpendiculares. Este
procedimento destina-se a evitar que as meadas de lã assapem, isto é, que fiquem agarradas ao fundo do recipiente e, por
essa razão, se queimem. De seguida, coloca-se uma camada do líquen ou de entre casca
de nozes e, por cima, a meada. No meio da meada é colocada uma
segunda camada de líquen ou de entre casca de nozes, dobrando-se a meada sobre
esta segunda camada. Finalmente, coloca-se uma terceira camada do corante
vegetal. Havendo várias meadas a tingir, repetem-se os passos, sendo a última
camada, obrigatoriamente, de líquenes ou de entre casca de nozes.
O pote ou o caldeiro é depois cheio com água e colocado ao lume. Para
fixar a cor, de modo a garantir a sua durabilidade, conferindo mais resistência
às lavagens e à exposição ao sol, era prática usar-se o sal. Uma mão mal cheia é
suficiente e deve ser deitada no pote ou no caldeiro antes deste ser tapado e
da fervura se iniciar.
Depois, a água deve ferver por duas a três horas. Quanto mais tempo
estiverem as meadas ao lume, mais escura ficará a cor.
De seguida, as meadas são retiradas do pote ou do caldeiro e devem ser
lavadas em água corrente, novamente com sabão rosa, para retirar os restos dos
líquenes ou das entre cascas das nozes. Por fim, colocam-se as meadas a secar à sombra.
Os líquenes usados na fotografia foram recolhidos nos castanheiros da Reboreda, em Salto, Montalegre. A meada é da Casa da Lã, de Bucos. A receita é da D. Benta. E, roubando a expressão ao Tiago Pereira, vale a pena ouvir as velhinhas. A bem do nosso património imaterial, que não se regista a partir de um gabinete.
Ficou bem bonito. :)
ResponderEliminarQualquer dia faço uma experiência com este passo-a-passo. Gosto muito da tua partilha!
ResponderEliminarObrigada, Diane :) Ainda me falta fazer a experiência com a tinta vermelha, seguindo basicamente os mesmos passos. Resultados no blogue nos próximos dias!
ResponderEliminarJá tinha ouvido falar por Trás-os-Montes demulheres que pintavam o cabelo com casca de noz - se é verdade ou anedota ainda não consegui perceber. Gostei imenso de ver e já está na minha lista de "receitas" a experimentar. Uma dúvida: as entre casca de nozes são as cascas normais ou só a película de dentro?
ResponderEliminarOlá! Lá em cima não me referiram o uso da casca de noz para pintar o cabelo...mas não me parece improvável! Eu, nos meus anos loucos de adolescente, lavava o cabelo com chá de camomila para ficar mais claro ;) É só a película de dentro. Como não há nozes disponíveis nesta altura não vamos ter nenhuma meada tingida com esta matéria (nem sequer as entrecascas). Restam-nos os líquenes do carvalho e do castanheiro:)
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