domingo, 16 de fevereiro de 2014

MESTRE COZINHEIRO

De 2000 a 2006 coleccionei workshops de cozinha. Fiz cursos no Templo Hare Krishna para melhor compreender a cultura culinária da comunidade que investigava para a minha tese de mestrado, frequentei workshops de culinária vegetariana e macrobiótica em diversas instituições e com diferentes professores no sentido de melhor desenvolver a cozinha que praticava em casa e acumulei cursos livres na ESHTE numa altura em que doces e bolos convencionais eram feitos quase diariamente em minha casa. Depois, com o início do doutoramento, deixei de ter disponibilidade para continuar com essas actividades. Na internet também passei a encontrar receitas e respostas para as dúvidas que me iam surgindo. Por outro lado, se alguns desses workshops que fiz primaram pela exigência e pelo profissionalismo - os cursos dados pelo chef Nelson Félix na ESHTE eram autênticas Masterclasses e, ao fim de cinco horas a trabalhar arduamente, ficávamos com a certeza que tínhamos, de facto, aprendido coisas novas que podíamos aplicar - outras aprendizagens foram uma desilusão. Recordo-me de, numa delas, uma colega ter perguntado à professora o que deveria usar em substituição de produtos com glúten e de lhe ter sido respondido que se insistisse em comer esses mesmos produtos os problemas resultantes da intolerância ao glúten acabariam por desaparecer (!). Ou da formadora que, após os finais de tarde a ensinar a fazer comida macrobiótica, só nos servia doses ínfimas ao jantar e guardava rapidamente a maior parte para levar para casa :)
Também essas experiências menos positivas levaram a que refreasse a vontade de experimentar alguns workshops que foram aparecendo e que, à partida, me interessavam. Tenho a certeza que hoje o panorama é bastante distinto (refiro-me especificamente ao vegetarianismo). Embora me encanite publicitarem-se receitas com o rótulo de saudável que utilizam ingredientes como margarina de soja, farinha de trigo integral e agave. Até os gurus do crudivorismo, como a Ani Phyo, questionam fortemente o uso do xarope de agave por considerarem um produto altamente processado. Assim como me encanita abrir o menu de um qualquer restaurante vegetariano e, invariavelmente, alternar-se entre o seitan (uma verdadeira bomba de glúten) e o tofu nos pratos principais. Ou, ainda, ler os rótulos de produtos de empresas associadas à alimentação dita saudável e descobrir coisas tão maravilhosas como gordura hidrogenada.
Acredito, porém, que um novo vegetarianismo se começa, finalmente, a implantar em Portugal. Mais informado, mais inovador e, sobretudo, mais crítico. Capaz de incorporar ingredientes de diferentes paragens (embora esta questão de associar a ideia de uma alimentação assumida por quem a defende como mais saudável e produtos nada locais nos leve a outra questão que é a da sustentabilidade alimentar) ou de redescobrir produtos que as comunidades usavam no passado, à falta de outras possibilidades, e que hoje caíram no esquecimento geral.


Porém, o rol de workshops que fui acumulando nunca me tirou a vontade de fazer um curso profissional de cozinha. Ao longo dos anos fui vendo que alternativas o mercado oferecia mas não me conseguia decidir por nenhum. No último trimestre do ano passado estive quase para me inscrever naquela que parecia a formação mais adequada ao meu perfil. Uma série de circunstâncias acabaram por adiar a decisão. Contudo, há umas semanas essa possibilidade tornou-se mais consistente e, na sexta feira, acabei por ter a confirmação de ter sido admitida num curso profissional de cozinha! Basicamente vou passar os próximos meses no meio de tachos, panelas, cheiros e sabores. Ou seja, na cozinha :)
Para comemorar a entrada no curso comprei  - numa visita à Emaús este sábado - um clássico da Laura Santos. Dez fascículos cheios de sabedoria clássica. E com conteúdos de frigorífico muito distintos daquilo que se tornou comum nos dias de hoje :)


22 comentários:

  1. Olá, Ni! Que giro, mas é um curso de culinária vegetariana ou tradicional? Estava para perguntar - você nāo era vegana? Enfim, estou tentando melhorar a minha alimentaçāo, diminuir a frutose e o glúten, ensaiando algumas receitas e vir aqui sempre me inspira, embora nāo aspire a uma mudança tāo grande como a sua. Aliás, queria fazer uma pergunta sobre um pāo de banana que queri fazer, mas preciso da ligaçāo da receita e faço isso do computador, mais tarde retorno.
    Parabéns, aguardamos os ensinamentos vindouros ;-)
    Beijinhos!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Dani, obrigada :)
      O curso que vou fazer é de culinária tradicional. Não tenho conhecimento que haja, em Portugal, cursos certificados de cozinha vegetariana. Há workshops, há cursos livres, mas nada que seja oficialmente certificado. E era essa, também, a minha intenção: fazer uma formação certificada que depois me permitisse trabalhar como profissional na área. Por outro lado, creio ser importante aumentar os conhecimentos sobre a cozinha clássica (para depois aplicar esses ensinamentos a uma cozinha tendencialmente vegetariana - grain free- gluten free) e conhecer a fundo as questões da higiene e segurança alimentar.O curso é prático e era isso que procurava. A ESHTE tem uma excelente oferta, mas fazer uma licenciatura nesta altura da minha vida estava fora de questão. Embora eles tenham um mestrado que me parece muito interessante em Inovação em Artes Culinárias. Talvez no futuro!
      Paralelamente, também queria conciliar a pesquisa etnográfica (que é a minha formação profissional) com a cozinha e poder desenvolver projectos nesse domínio sobretudo em torno dos produtos endógenos.
      Sobre a tua pergunta em relação ao vegetarianismo, não como carne vermelha desde os 16 anos e durante alguns períodos da minha vida fui vegan. Como peixe pontualmente, ovos caseiros (a sogra dá!) como quase diariamente e lacticínios (apenas queijos e iogurtes naturais e keffir) com alguma frequência (talvez duas a três vezes por semana). Fui uma vegetariana pouco preocupada com a saúde durante muitos anos. Devorava potes de gelado, chips de milho e não comia verduras em quantidade suficiente. Encharcava-me em frutose crente que era muito mais saudável do que o vulgar açúcar de mesa. Há 12 anos, depois de ter sido operada a um imenso tumor (benigno) mudei a forma de me alimentar. A médica que me operou disse que dentro de poucos anos voltaria a ter o mesmo problema. A questão é que isso não aconteceu (mas pode acontecer!). Talvez se deva ao facto de a partir dessa data ter começado a ter mais cuidado com o que comia. Sobretudo a "ouvir" o corpo e perceber o que me faz efectivamente mal ou não. Nunca fiz nenhum teste de intolerância ao glúten, mas basta-me comer um pão para ficar inchada e enfartada. Se comer produtos com glúten durante algum tempo seguido, as dores nas articulações voltam. Qualquer desvio no consumo de açúcar e a saúde ressente-se. Não sou nada disciplinada...uma tablete de chocolate preto na minha frente é um perigo!
      Sigo dois blogues (que já aqui referi) que são escritos por pessoas informadas, sérias e críticas: o fat new world (do Sérgio Veloso) e o dieta low carb e paleo (do Carlos Souto). Tento adaptar as informações que transmitem à alimentação que faço. Não sou fanática, não vou ao ginásio (não sou uma cavegirl!) mas aqueles dois blogues têm sido fundamentais para reorientar a minha cozinha. Na cesta das compras deixaram de ter lugar aqueles produtos que se anunciam como sendo mais saudáveis do que os convencionais: biscoitos de alfarroba com gordura hidrogenada são mais saudáveis do que bolachas de manteiga feitas com manteiga e farinha branca? Não me parece. Desculpa o testamento! :)
      Ontem fiz uns profiteroles grain free (sem glúten, portanto!). Usei polvilho doce e azedo, azeite, água e ovos. Ficaram muito bons mas ainda tenho de apurar as quantidades exactas dos diversos ingredientes. Fico à espera da pergunta sobre o pão de banana!
      beijinho!

      Eliminar
    2. Olá de novo, Ni!

      Obrigada pela resposta e contar a tua história, agora percebo(hemos) melhor tudo.
      Pois, acho que já disse que tenho problemas de tireóide e, a não ser por um tratamento de acupuntura e ervas que fiz há alguns anos, nunca tinha pensado na conexão com a alimentação. Tive a minha filha em 2012 e isso deu uma alteração grande nos hormônios, alargando a tireóide e causando nódulos (benignos). As análises, no entanto, não mostram nada de errado com os meus níveis hormonais, e eles aqui não realizam a operação a não ser que seja necessária. Portanto comecei a fazer um tratamento naturopata, que usa a alimentação como suporte para o organismo. Não há grandes recomendações quanto a glúten ou frutose (porque não consumo tanto assim, sou mais de excessos pontuados), mas, no meu caso, mais num aumento de consumo de carboidratos complexos, peixes e variação de proteínas. Também me foram receitados alguns suplementos, mas não são exigidos, já que devo extrair o máximo dos nutrientes dos alimentos. Na verdade, nunca fui muito de comidas processadas, bolos e biscoitos prefiro caseiros, assim como pães. Agora, desde que comecei a morar com meu atual parceiro, comemos muita comida pronta de supermercado. Não todos os dias, mas mais do que comia. Porque a minha vida é muito atribulada e moro isolada onde não há muitas opções de produtos biológicos, por exemplo, portanto tenho de comprar online, e às vezes as coisas chegam aqui já quase a bater as botas, ou são muito caras, etc. E, com uma criança pequena e a trabalhar de casa, não existe "opção fácil" na cozinha que não seja pronta. Estou tentando encontrar um ritmo, cardápios que se ajustem a todos e não me tomem muito tempo, mas é difícil. A filha um dia gosta, noutro não. O marido prefere carne e come muito açúcar - e não cozinha. Enfim - não considero a minha alimentação "saudável", mas também não devoro chips ou coisa do género, chocolate como com parcimônia, não gosto de doces artificiais, não adoro carne vermelha, vinho é moderado, frituras são tipo umas 4 vezes por ano, resumindo - acho que sou, em geral, moderada, tanto que meu peso pouco varia. Mas tenho uma queda por pães, bolos e biscoitos, grande. Sempre faço. E frutas. A questão é - agora a minha menina começou a se interessar por essas coisas também e, outro dia, fazendo um bolo de cenoura, vi o quanto de açúcar levava e fiquei meio assustada de pensar que eu comia todo aquele açúcar em 3, 4 dias. Uma vez ou outra num aniversário, numa viagem, comer um docinho mais doce, vá lá, mas deixar no balcão da cozinha a semana inteira é diferente. É uma tentação constante. E uma espécie de suicídio lento. Portanto, embora não esteja preparada para cortar o açúcar e as farinhas totalmente, quero substituir um pouco, fazer alguns experimentos, cortar em alguns casos. Ainda tenho farinhas branca e integral de pão no armário e não vou jogar fora porque não consigo (não tenho a quem dar), mas depois que acabarem, vou experimentar sem glúten. Já fiz alguns cookies e brownies de baixo teor de frutose e gostei - até meu marido, formiga, gostou, disse que "sente-se mais o sabor do chocolate". A minha filha também aprovou. Quero fazer pequenos ajustes, melhorar um pouco, gradualmente. Depois, quem sabe?
      Gostei de saber mais do curso e percebo o porquê. É mais ou menos como, para mim, ler o teu blog e outros - embora não siga tudo à risca, ensinam-me muito.
      A pergunta é sobre o pão de banana abaixo - achas que é possível usar óleo de coco em vez de manteiga, se sim, em que proporção?
      http://healednutrition.com/2012/11/18/low-fructose-grain-freegluten-free-coconut-banana-bread/

      Não gosto de manteiga, meu fígado muito menos, portanto uso muito pouco e jamais consegui barrar manteiga no pão, passo mal mesmo.

      Beijinhos, obrigada pelo testamento :-)

      Eliminar
    3. PS. Quando disse que "não consumo tanta frutose e glúten assim", expressei-me mal - quis dizer que não passo o dia a comer pães, bolos e biscoitos, mas que quase sempre os tenho na cozinha, que preciso de uma dose diária. E, com as frutas, só agora comecei a moderar um pouco. E os excessos de doces ocorrem em épocas como o Natal, é claro.

      Eliminar
    4. Olá Dani

      Tenho encontrado referências às implicações da dieta no funcionamento da tiróide mas, como calculas, não me sinto minimamente habilitada a fazer considerações sobre o assunto. O Sérgio Veloso tem algumas referências no blogue sobre o assunto. Estou aqui a tentar desesperadamente lembrar-me de um site de uma australiana que abordava o assunto com frequência. Quando me lembrar venho cá deixar o link, prometo! Informação sobre a doença de Hashimoto ajuda ou nem por isso?
      Eu também sou de excessos pontuados. Normalmente o que como é muito básico: agora ao almoço foi um dos profiteroles de polvilho que fiz ontem, um ovo escalfado e um tacho de alho francês, cenoura e pimento vermelho cozinhados em óleo de coco (que ficaram uma delícia por sinal).
      A queda por bolos, pães e biscoitos cai naquela categoria que refere o Dr. Carlos Souto: dependência do trigo :) Acho que é mesmo um processo demorado que exige muito controlo e que nem sempre se consegue levar adiante. Substituires alguns desses pães com trigo por opções como a que indicaste (pão de banana) parece-me uma excelente opção. Fui espreitar o link e, definitivamente, vou experimentar a receita! Estou só à espera que as bananas fiquem em estado terminal para as usar :)
      Sim, substitui a manteiga pelo óleo de coco. Eu vou fazer a receita com óleo de coco. À partida, creio que será necessário usar a mesma quantidade. Mas começa por usar apenas 100 grs e tenta ver se chega ou se tens de acrescentar. Eventualmente, podes adicionar um pouco de leite de coco em substituição de uma pequena parte do óleo de coco. O óleo de coco é caríssimo e uso sempre com bastante parcimónia mas o sabor que confere à comida é incomparável. Se usasse todos os dias e sem restrições tinha de me dedicar a actividades ilegais :)
      O gosto por coisas doces também se consegue treinar. Eu era uma devoradora de açúcar (vá, eu continuo a gostar imenso de coisas doces), mas se antes era capaz de devorar um pote de gelado, hoje em dia, se comer 2 colheres de sopa bem cheias de gelado já fico mais do que satisfeita. Chocolate preto é coisa que nunca falta cá em casa, mas seria incapaz de comer chocolate de leite. Tem de se ir aos poucos. Sem ansiedades.
      Depois também acredito que seja mais difícil resistir quando em casa há uma oferta de tudo aquilo que queremos deixar de comer (ou, pelo menos, diminuir). Aqui em casa, quando o mate chega eu já tenho um prato de cenouras cruas e maçãs para ele comer. Assim tenho a certeza que não se atira às tostas e bolachas. É um jogo de antecipação ;)

      Eliminar
    5. Dani, não era este, mas espreita aqui:

      http://againstallgrain.com/

      http://www.marksdailyapple.com/search-results/?cx=004987908667488763946%3Akd-fp2c7jek&cof=FORID%3A11&ie=UTF-8&q=hashimoto&siteurl=www.marksdailyapple.com%2F%23axzz2QtmfQnfM&ref=&ss=1738j426372j9



      Eliminar
    6. Dani, vê se isto tem alguma utilidade - http://paleozonenutrition.com/2010/08/26/hashimotos-auto-immune-thyroid-disease-avoid-gluten-like-the-plague/

      Eliminar
    7. Olá! Desculpa não responder aos teus comentários antes, mas só os vi no telemóvel - de onde não consigo comentar direito... - e passei a segunda e ontem entre tarefas em Bristol e Londres. Vou espreitar as ligações e ler com calma.
      Não, não me foi sugerida a possibilidade da doença de Hashimoto nem pela médica nem pela naturopata, mesmo porque os meus sintomas misturam os de hipo e hipertiroidismo... Mas talvez seja algo a ser investigado. Vou mesmo ler isso, principalmente a questão do glúten.
      Fiz o pão de banana ontem, meus sogros vieram visitar e comeram logo metade :-) Usei 80g de óleo de coco, um pouco menos de farinha e apenas 3 ovos, pois minhas bananas eram pequenas (e só tinha três mesmo). Deu certo, não cresce muito, mas ficou bastante úmido. Irei repetir.
      Obrigada de novo pelas ligações e dicas, much appreciated :-)
      Beijinhos!

      Eliminar
    8. Dani, acabei de colocar o meu pão de banana no forno. Não tinha óleo de coco suficiente e acabei por completar a quantidade total com manteiga. Daqui a uma hora já saberei se vale a pena ou não. Mas a massa nem encheu metade da forma de bolo inglês (tive de improvisar uma "parede" com papel de alumínio no meio!)
      Beijinhos!

      Eliminar
    9. Deu certo? É uma receita pequena mesmo. A minha coube bem na minha forma de bolo inglês (tenho uma pequena e duas maiores) mas, como disse, não ficou muito "alta".
      Beijinhos!

      Eliminar
    10. Dani :)
      O sabor ficou bom, mas não achei muita piada à textura. Fica parecido com um bolo enqueijado. Mas vou experimentar novamente juntando uma chávena de nozes ou amêndoas trituradas grosseiramente para dar essa textura que ficou a faltar!

      Eliminar
    11. Eu gostei da textura - pelo menos da minha, com os ingredientes que usei -, mas gostei também da ideia de acrescentar amêndoas, vou experimentar da próxima vez!
      Beijinhos,

      Eliminar
  2. Olá, bom dia!
    Cheguei ao blog há pouco tempo e estou a adorar os textos e as partilhas!
    Neste, saltou-me à vista a passagem em que fala sobre os rótulos. Há uns anos decidi reajustar a minha alimentação à conta da tendência genética para níveis elevados de colesterol. Esta pareceu-me a solução mais sensata por oposição à mais fácil - a toma de medicação. Gosto de cozinhar, é uma paixão desde sempre e isso foi o grande ponto de partida!
    Pois que na senda de reorganizar os menus, uma das coisas que acabei por fazer foi uma intensa pesquisa, quase desenfreada, nos rótulos dos produtos -e de todos os produtos mesmo (!). É uma experiência que costumo partilhar amiúde porque se encontram verdadeiras pérolas de insensatez em coisas que, supostamente, seriam mais saudáveis. E em coisas tão simples como bolachas! Menos sal, muuuuuuito mais gordura; menos gordura, muuuuuuuuito mais sal, por exemplo.
    Hoje em dia, olho para os rótulos de tudo antes de comprar, incluíndo as etiquetas dos frescos, mesmo que me tome mais tempo na rotina.
    O que acabo por pensar no meio disto tudo é que, para quem cozinha e gosta de cozinhar, acaba por ser mais fácil fazer um tipo de alimentação fora do tradicional, fazer uma alimentação macrobiótica, vegetariana, crudívora, etc. Mas para quem não gosta, gosta pouco ou não tem tempo, as tentações são as mesmas: muitos produtos processados, com muita coisa que poderá fazer mal, tal e qual como na alimentação mais tradicional!
    É preciso muita conta, peso, medida e... muita paciência!
    Uma boa semana,
    Carla

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Esqueci-me de dizer que sobre o colesterol (e os mitos do colesterol) é importante consultar o blogue Fat New World. O Sérgio tem informações muito interessantes sobre o assunto.

      Eliminar
  3. Olá Ni,
    A resposta à Dani foi muito útil, eu também quero alterar a minha alimentação para melhorar a minha saúde e criar melhores hábitos nos meus filhos mas realmente há muita informação errada e o rótulo de natural, diet e sei lá que mais é usado e abusado sem sentido. Toda a gente sugere uma ida a uma nutricionista mas há profissionais com abordagens que não me convencem nada. Acho que pesquisando com cuidado vou encontrar o que penso ser melhor para mim.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Cat :)
      Eu divirto-me sempre nos corredores de alimentação suadável dos supermercados. Digamos que é sempre esclarecedor perceber para onde caminha parte da indústria alimentar alternativa. Antigamente enchia o carrinho com esses produtos (e gastava imenso dinheiro). Hoje passo ao lado e se levar duas ou três coisas já é uma sorte. Acho que a solução passa por simplificar aquilo que comemos (no sentido de usar produtos pouco processados), mas sem perder a capacidade de variar (para a alimentação não se tornar monótona e passar a ser um desgaste em vez de um prazer). Ervas aromáticas (como refere a Carla), especiarias, combinar texturas distintas na mesma preparação. Uma solução que funciona cá em casa é fazer uma sopa base que depois se enriquece com extras à mesa. Uma tigela de sopa pode ter muitas tigelas satélite que tornam a refeição interessante e mais criativa. Cada um compõe a comida como bem entende.

      Eliminar
  4. Olá Carla
    Bem vinda ao blogue :)
    O problema dos rótulos resolve-se quando se deixa de comprar produtos com rótulos :) Ok, é uma situação limite e algo exagerada! Mas vamos por partes. Quanto menos processados forem os alimentos que compramos, menos probabilidades temos de encontrar rótulos extensos e pejados de componentes suspeitos. Há corredores nos supermercados que deixei de percorrer. Normalmente fico-me pelos corredores dos frescos e da fruta com alguns desvios pelos corredores dos lacticínios. Frutos secos compro a granel em mercearias, feiras ou mercados (só uma nota - curiosamente, consigo comprar frutos secos mais baratos nas mercearias tradicionais da baixa de Lisboa em comparação com os preços praticados em mercados como o da Figueira da Foz).
    Se pensamos na alimentação dos nossos avós, verificamos que aquilo que compravam e que obrigava à presença de rótulos (segundo os padrões actuais) correspondia a uma percentagem ínfima de coisas.
    A indústria da alimentação dita saudável está cheia de incongruências. Há, é verdade, produtos de grande qualidade e honestos e depois há um rol de porcarias vendidas como sendo mais benéficas para a saúde. Menos sal e mais açúcar e vice-versa? Claro, têm de arranjar maneira de dar sabor às coisas! Em vez de biscoitos enriquecidos com linhaça (e frutose e gordura hidrogenada, etc) é melhor comer uma banana e um punhado de frutos secos.
    Peixe congelado. Douradinhos vs postas de pescada congeladas. Não sei quanto tempo demoram a preparar os douradinhos (aquela crosta tem mais ingredientes do que lugares num avião), mas uma posta de pescada também não demora muito tempo a cozer. Mas sim, é importante, como disse, olhar para as etiquetas dos frescos! Há surpresas em todo o lado. Como os sulfitos do camarão congelado.
    Creio que é, também, uma questão de treino e de hábito. Simplificar o que comemos e apostar na qualidade dos produtos. Consumo alguns ditos super alimentos mas faz-me impressão esta tendência recente de se achar que a alimentação deve girar em torno desses produtos e que não se pode ter uma alimentação saudável com os produtos da terra que sempre estiveram à mão. Eu sei que fotografar uma couve penca não é tão glamoroso quanto uma taça de frutas exóticas e bagas goji :)

    ResponderEliminar
  5. É tudo muito isso, sim. Há corredores no supermercado que não interessam. Mesmo.
    E gradualmente deixa-se de comprar produtos com rótulos. Ou com menos rótulos possíveis :-)
    Foi o que me aconteceu, tal e qual, ao longo deste anos. Não que comprasse muita coisa processada, ou douradinhos ou coisas que tais. Nem gosto! Sempre preferi cozinhar e combinar eu os alimentos - e quanto mais frescos possível, melhor. Tenho a sorte de poder usar produtos base que são cultivados à porta da minha casa - embora não por mim. E de ter muitas ervas aromáticas ao alcance da mão, que crescem selvagens e na sua época própria. E também a sorte de ter tido avós cozinheiros - super-cozinheiros, aliás, super-pasteleiros (confeiteiros) e com os quais aprendi milhares de coisas. E toda esta informação vai sendo passada aos meus pais, para que possam também promover mudanças nos seus hábitos alimentares e combater o maldito colesterol!
    Vou espreitar o blog! Obrigada!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Carla, espreitar também no blogue dieta low carb e paleolítica para uma outra visão sobre os mitos do colesterol.

      Eliminar
    2. Curioso que fale nisso, Ni: low carb não funciona nem nunca funcionou, para mim. A partir do momento em que há restrição de gordura o meu corpo precisa doutro "combustível".

      Só uma questão em relação aos profissionais de saúde, que a Cat refere: quando percebi que a tendência para produção de colesterol estava instalada, a médica perguntou-me (e já me conhecendo há muitos anos) se queria optar pela questão alimentar (gerir, modificar, adaptar) ou pela medicação. Optando pela questão alimentar, foi-me dada uma lista com sugestões e que falava nos alimentos aconselhados, aconselhados moderadamente, a consumir de vez em quando e alimentos que se deviam, à partida, excluir nestes
      casos. No entanto, a médica em questão alertou-me para o facto de se ter de experimentar. Cada caso é um caso e aquela lista era apenas uma guia, um conselho. E que toda a ajuda que fosse necessária, a teria. E que havia necessidade de controlar, amiúde, os níveis de colesterol no organismo.
      Fui ajudada e também, ao mesmo tempo, foi-me dado espaço para que pudesse entender o meu organismo, explorar e questionar!

      Eliminar
    3. Olá Carla, outra vez :)
      Low carb não é restrição de gordura. É exactamente o oposto. Mas creio que refere essa questão por associar o consumo de gordura às elevadas taxas de colesterol. Correcto? Sugeri-lhe a leitura daqueles dois blogues, precisamente porque questionam a abordagem clássica ao colesterol, isto é: comer muita gordura = colesterol elevado. Tem toda a razão ao dizer que cada caso é um caso. E eu não estou minimamente habilitada para dar conselhos médicos! :) Por isso lhe recomendei aqueles dois autores. Não são curiosos do assunto (um deles é médico), fundamentam cientificamente o que afirmam e obrigam-nos a uma abordagem crítica em relação ao um conjunto de mitos. O que é um desafio. E atenção que eu não quero doutrinar ninguém :) O que funciona para mim, não funciona necessariamente para outras pessoas. Seria incapaz de tomar um pequeno almoço de bacon, ovos mexidos e café com manteiga. Passaria o dia todo enfastiada!
      A minha mãe teve um período em que as taxas de colesterol dela estavam elevadas (muito bolinho gosta ela de fazer na sua velha kenwood!). Uma primeira médica que consultou disse que ela tinha já de parar de comer carnes gordas (a minha mãe não come carne há anos, só peixe e magro), queijos gordos (nem por isso), batatas fritas (ninguém come batatas fritas lá em casa) e outras coisas que não fazem parte do cardápio dela. E medicação era para começar ontem. Consultou-se outra médica que teve exactamente a abordagem que a sua teve consigo. Perceber o que podia ou não comer-se, incentivar o exercício físico e apenas em último caso, recorrer à medicação. Alguma adaptações foram suficientes para a coisa entrar nos eixos (mas continua a fugir-lhe a mão para o Bolo Victória, as bolachinhas de manteiga, o pudim de chocolate). O meu pai era magro, andava imenso todos os dias, não comia gorduras em excesso (pelo contrário) e morreu com um AVC fulminante.
      Mas como a Carla bem disse, cada caso é um caso e qualquer mudança radical de alimentação é bem mais segura quando acompanhada dos conselhos de profissionais da área.

      Eliminar
    4. Sim sim, estava a ler o artigo do New Fat World (sobre low-carb e dietas cetogénicas) e a responder. E sim, percebo as diferenças! E percebi o conselho e a sugestão com fontes de leitura e informação, também. Gosto de ler e de pesquisar. E de perceber. Se houver fontes fidedignas, tanto melhor.
      Quando escrevi restrição de gordura, refiro-me exactamente, e como fala no caso da sua mãe, às que provocam o aumento do "mau" colesterol, do colesterol que não interessa ter no organismo. Era isso que me interessava perceber. Não mudei radicalmente de alimentação nem passei a fazer dieta; como disse, apenas ajustei, modifiquei algumas coisas e eliminei alimentos que, fui percebendo aos poucos, potencialmente me fariam mal. Já consumia muito pouca carne e peixe, preferencialmente vegetais. E, sobretudo, fui e vou sempre vigiando (fazendo análises) para perceber o que se passa.

      Eliminar

Acerca de mim

A minha foto
Sou uma antropóloga que só pensa em comida...
Instagram

Seguidores