O sistema de regadio da aldeia alimenta de água três tipologias de terras: os lameiros, as terras e as hortas da aldeia. Nos lameiros semeia-se feno para alimentar o gado, nas terras, planta-se o milho, o feijão e o centeio e nas hortas cultiva-se uma variedade de produtos hortícolas.
Existem três elementos principais que compõem os ramais da aldeia: as corgas, as presas e os canais. Pela encosta da Serra da Mourela, as nascentes vão engrossando o caudal de água que, já perto da aldeia, desagua na imensa corga do Ribeiro:
Uma corga normalmente é uma extensão muito grande, como é o caso desta aqui. Vai daqui ao alto da serra. As nascentes podem não ser propriamente nas corgas, mas a água vai em direção à corga e depois vai dar origem aos rios. A primeira nascente é lá em cima, nas cativadas, e depois vai descendo e vai apanhando as várias nascentes que por aí vai havendo em direção à corga e é canalizada até ao início da aldeia onde está feita a presa para o regadio (Paulo, 15-3-2012)
Num cenário paradisíaco que mistura vegetação luxuriante e o som incessante da água a correr, encontram-se os 11 moinhos que, no passado, moíam o grão que as terras da aldeia produziam. Moinhos de maquia e moinhos dos herdeiros. Existe, ainda, o moinho onde se instalaram as turbinas que forneciam energia elétrica a Tourém:
Tourém foi a primeira aldeia do concelho de Montalegre a ter iluminação própria. Nem pública nem privada: própria. Só autorizavam ter uma lâmpada por casa e só podia estar ligada umas tantas horas. Havia um zelador que era a pessoa responsável pelo controle disto e chegava à meia noite e tinham desligar tudo. (Paulo, 15-3-2012)
Conta-se que quando ligaram a energia elétrica pela primeira vez, disseram aos mais novos para irem a correr até casa e ver quem chegaria primeiro: se eles se a eletricidade. As crianças, quando chegaram à primeira casa e viram que a luz já tinha chegado, tiveram uma enorme desilusão. Como só era autorizada uma lâmpada por casa, entre duas divisões fazia-se uma janela no alto da parede para que a lâmpada pudesse iluminar ambas as divisões.
O sistema de regadio da aldeia é regido por normas que organizam o ano em duas épocas: de 29 de junho a 8 de setembro, a água anda às horas. No resto do ano funciona o sistema de torna a torna.
Para desviar as águas do canal para os respetivos terrenos, há que tapar as saídas para os terrenos dos vizinhos, o que se faz com recurso às tornadas, chapas de ferro, ou através de um processo mais arcaico, usando torrões, pedras ou mesmo as ougas, as ervas que crescem no canal.
Very interesting. Love your blog
ResponderEliminarUma maravilha.
ResponderEliminarAbri a caixa de comentários várias vezes e nem sabia o que escrever.
Tenho uma vontade grande de ir à ponta do dedo do concelho de Montalegre.
Tinha notícia de um padre,também carpinteiro,ali para,julgo,Travassos,ter instalado um pequeno gerador para alimentar algumas casas e o negociozito.
Cordial abraço,
mário
Thanks Jane :)
ResponderEliminarMário: Então, se vier, procure o Paulo Barroso, Presidente da Junta, que é o cicerone ideal para lhe mostrar este paraíso escondido.
Tourem, o sonho da nossa vida! Desde que ela me abracou nao mais nos abandonou! Obrigada, Paulo, pelas preciosas informacoes!
ResponderEliminarPs que linda a Ti Ana, a gerir o regadio!!!!!!!