sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

FEIRA DO FUMEIRO DE MONTALEGRE

Ainda em fase de descompressão pós-provas e a recuperar de uma amigdalite/gengivite que me deixou sem conseguir comer durante uma semana, hoje rumei à Feira do Fumeiro de Montalegre. Comi um caldo de couves e feijão que me soube pela vida enquanto a cadela vadia que adotei há uns dias dormia placidamente dentro do meu carro.



O objetivo era fotografar os stands da D. Quinhas (na casa de quem estive há umas semanas a recolher dados sobre presuntos) e do Amadeu. Bom, e comprar alguns presentes comestíveis para enviar para a Figueira da Foz. 


As feiras e os mercados gastronómicos, que se tornaram comuns na paisagem das ativações do património alimentar, podem ser olhados como lugares e tempos que expressam neotribalismos gastronómicos, entendidos enquanto comunidades emocionais, afetivas, que traduzem paixões partilhadas, de inscrição local. Estes eventos expressam identidades locais, pela via da comida, que se enaltecem para o interior e para o exterior da comunidade. A várias escalas, portanto. Nas feiras e mercados gastronómicos há lugar para a glorificação do património alimentar local; os locais unem-se em torno de um formato promocional que faz a síntese possível da cultura alimentar local, e a reduz a um número restrito de elementos capazes de gerarem pertenças e anularem ou, pelo menos, esbaterem diferenças. Nos dias de duração dos eventos, locais e visitantes convergem para o lugar, por excelência, de exaltação da gastronomia local; mede-se o sucesso do evento, reforçam-se os laços identitários e constroem-se versões essencialistas da cultura alimentar local.
Os stands de fumeiro constituem a esmagadora maioria desta feira. Depois, há também lugar para outras ofertas alimentares: pão, mel e chás.
Os visitantes da Feira do Fumeiro de Montalegre acedem, naturalmente, somente a uma parte da cultura alimentar local. Há, ainda, muitas fatias do bolo alimentar local que podem ser exploradas, devidamente patrimonializadas e rentabilizadas num evento desta natureza.
Por exemplo, gostaria de ver, em edições futuras, as muitas variedades de filhós que se fazem no concelho ou as fritas (rabanadas) com bacalhau que, no passado, eram servidas nas malhadas e nas segadas. 

2 comentários:

  1. Este ano não vou,com pena.
    Fi-las por aqui com carne de Fervidelas.

    Óptima degustação,também por mim.

    Cordial abraço,
    mário

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  2. Bom, na verdade, vegetarianos só se safam com o pão e o mel :)

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Sou uma antropóloga que só pensa em comida...
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