quarta-feira, 4 de junho de 2014

TARTE CRUDÍVORA DE MORANGOS E CAJU

Muitos anos depois, ando a reler um dos primeiros livros de crudivorismo que comprei. A autora, Renée Underkoffler, era uma das referências no campo da raw food ali entre 2000 e 2006.
O livro tem 487 páginas e 258 são dedicadas a analisar os princípios, os ingredientes, as técnicas e os equipamentos de uma cozinha crudívora. Ou seja, foi escrito para quem quer aprender os fundamentos do crudivorimo. Living Cuisine - The Art and Spirit of Raw Foods, é um dos melhores livros do género. Detalhado, exaustivo, rigoroso. O único senão é a ausência de fotografias para ilustrar receitas. Juntamente com a Ani Phyo, a Renée Underkoffler é, para mim, uma das grandes figuras da cozinha crudívora. 
Living Cuisine tem um capítulo inteirinho dedicado aos bolos e às tartes cruas. Há uma, em especial, feita com toneladas de mirtilos que é obrigatório experimentar! O capítulo em questão tem uma lista extensa de receitas para bases de tartes e de combinações originais para os cremes das mesmas. Por exemplo, em relação às bases, estão lá as misturas, que agora se tornaram virais, de tâmaras, frutos secos (nozes, avelãs, amêndoas, etc.) e especiarias.
A receita de hoje é uma adaptação da tarte que a Elenore fez para o seu casamento. Fiz algumas alterações na base e no creme que, a meu ver, funcionaram muito bem. Quando nos habituamos a comer sobremesas cruas, as opções tradicionais - por mais saborosas que sejam, e são! - começam a parecer-nos demasiado doces. Tenho-me tornado cada vez menos tolerante aos doces convencionais, ao ponto de, aqui há dias, ter ido parar ao hospital. No curso, as aulas de doçaria acabam por ser uma experiência muito agridoce! Dos Travesseiros de Sintra - que estavam absolutamente maravilhosos - só pude provar um niquinho. Então nos últimos dias, com as aulas de cozinha brasileira e uma abundância de cocadas, brigadeiros e outras coisas maravilhosas, tive mesmo de me conter! 
A questão é que também é necessária parcimónia na ingestão destas sobremesas crudívoras. Agora parece ser moda fazer gelados e batidos com 300 bananas e 700 tâmaras ou usar quilos de frutos secos numa única receita. Estas sobremesas devem, também, ser a excepção numa alimentação saudável. É mesmo necessário comer doces todos os dias e a todas as refeições? Mesmo a receita de hoje tem uma quantidade considerável de cajus e amêndoas - na base e no creme - e há que haver algum equilíbrio quando se come. Uma fatia fina é mais do que suficiente para nos saciar.
E agora vou ali comer a minha tigela de brócolos, espargos verdes e macarrão de quinoa e arroz :)


Receita

Ingredientes
Base
1 chávena de sementes de girassol
2 chávenas de amêndoas (previamente demolhadas durante a noite e escorridas)
1 chávena de tâmaras Medjool
2 colheres de sopa rasas de alfarroba em pó
1 colher de sobremesa de canela em pó
flor de sal qb

Creme
2 chávenas de cajus (demolhados durante 4 horas e escorridos)
3 chávenas de morangos
1 chávena de mirtilos (corresponde aproximadamente a uma embalagem)
1 chávena de tâmaras
3 colheres de sopa de sumo de lima
4 colheres de sopa de óleo de coco


Preparação
Forre uma base de tarte desmontável com película aderente de modo a que a película cubra até às bordas da forma. Reserve.
Num robot de cozinha coloque todos os ingredientes da base e processe até a mistura ficar homogénea. Para facilitar, corte previamente as tâmaras em pedacinhos antes de as colocar para triturar. Com esta mistura, forre a base da forma, calcando com os dedos de modo a criar uma camada lisa. Reserve.
Coloque todos os ingredientes do creme, com excepção dos mirtilos, no robot de cozinha e triture até a mistura ficar completamente homogénea. Coloque na forma, por cima da base e alise com as costas de uma colher ou com uma espátula.
Num copo misturador triture com a varinha mágica os mirtilos. Com um palito ou pauzinho, abra vários buraquinhos no creme de cajus e morangos e coloque porções da pasta de mirtilos. Fazendo movimentos circulares com o palito ou pauzinho, incorpore os mirtilos no creme. 
Cubra com papel de alumínio ou película aderente e leve ao congelador para solidificar. Para servir, retire do congelador cerca de uma hora antes. 


Como já referi aqui, o grande desafio das sobremesas crudívoras reside nas baixas temperaturas a que habitualmente deverão ser servidas (caso contrário, as sobremesas desmancham-se). Esta tarte manteve-se em forma mesmo depois de ter estado quase duas horas a descongelar. Ou seja, é possível servi-la fresquinha qb. Uma outra questão prende-se com o facto de ser necessário descongelar a sobremesa de cada vez que é servida e ser obrigatório voltar a congelar o que sobra. O ideal, consequentemente, será servir esta tarte numa refeição com um número suficiente de pessoas para dar conta dela! O que não é difícil :) 

2 comentários:

  1. Isso está com uma cara muito boa, perfeita para o verão. Eu quero experimentar algo assim, vamos ver se, depois de todo o vendaval, me aventuro a preparar uma dessas sobremesas. Aqui o tempo anda meio outonal, o que torna o meu apetite um tanto esquisito, pois eu prefiro os pratos dessa época. Ontem tivemos de ir à loja escandinava de móveis e almoçamos por lá, pois estávamos quase a desmaiar de fome e a outra opção do local era Buguer King... - descrevo um quadro um tanto dramático, mas quando me bate esse tipo de fome imediatista, com o estômago a doer e se contrair, não consigo esperar. Já estava a fazer a contabilização dos prejuízos - o que causaria menos danos -, quando vi que tinham biryani com grãos e couve-flor, o que me soube muito bem :) Bom, havia também um tarte de morango que estava a sorrir para mim, mas resisti bravamente. Daí, cheguei aqui e vi isso, o que me deixou com desejo por morangos :)
    Beijinhos!

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    Respostas
    1. Olá :)
      Loja escandinava de móveis é Ikea? :)))
      Eu percebo o quadro dramático. Por essa razão é que ando sempre com um mini-farnel no saco com frutos secos e fruta fresca e mais uma ou outra coisa para aguentar essas fomes avassaladoras que me atacam de vez em quando! Biryani com grãos e couve-flor? No Ikea? :) Aqui não temos disso!
      Experimenta a tarte. Ficou mesmo boa. Levei a maior parte para os colegas do curso (não dava para trazer de carro para a Figueira) e digamos que foi muito bem acolhida.
      Beijinhos!

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Sou uma antropóloga que só pensa em comida...
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