segunda-feira, 6 de junho de 2011

AS LÃS DA D. BENTA - ESGADELHAR, CARPEAR, CARDAR

Explica-me a D. Benta, descendente de Nuno Álvares Pereira (há dias em que se descobrem coisas fantásticas) que há dois tipos de lã. A lã brava é uma lã mais grosseira que pica. Tanto pode ser castanha como branca. A lã meirinha é mais macia e, à semelhança da lã brava, também pode ser castanha ou branca.

Depois da tosquia, nem sempre se lava a lã. O ideal, segundo D. Benta, é não lavar a lã. Deixá-la ludra, ou seja, deixá-la com o ludro, com a sujidade e a gordura natural, porque se torna mais fácil trabalhá-la e o produto final que se obtém é mais macio (neste caso, a lá só é lavada quando já foi transformada em meadas).


(Lã ludra)

A primeira etapa chama-se esgadelhar (esguedelhar) o que basicamente se traduz em abrir a lã, abrir os nós da lã, sem partir a teia.


(Esgadelhar a lã)

Depois, consoante o tipo da lã, o processo pode seguir dois caminhos distintos. Se a lã for meirinha, pode-se carpear, ou seja, em cima do joelho vai-se partindo a lã em pedaços de tamanho semelhante.


(Carpear a lã)

Neste caso, depois de carpeada, a lá está pronta para ser colocada na roca e ser fiada.


(Lã meirinha pronta para ir para a roca)

Se a lã for brava, então, depois de esgadelhada é cardada. Mas a lá cardada, quando é fiada, fica aos paparotos (com nós). A imagem de baixo mostra lã brava depois de cardada pronta para seguir para a roca para ser fiada.


(Lã cardada)

O fiar vai ficar para o tempo frio. Terei de esperar pelos serões prometidos para o próximo inverno para poder ver D. Benta fiar. Mas o torcer dos dois fios para fazer os novelos já D. Benta fez hoje à nossa frente. Gestos simples que encerram uma complexidade que só vou conseguir perceber inteiramente quando ela me deixar experimentar.

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