Estes são novelos de lã mestiça - uma mistura entre a lã brava e a lã meirinha. Neste caso, a lã está ludra, com a gordura e sujidade originais. Só quando as meadas estiverem feitas é que a lã será lavada no tanque da casa.
Cada novelo, antes de ser torcido, é composto por dois fios paralelos. Na imagem seguinte pode ver-se o detalhe dos dois fios do novelo já torcidos.
Na imagem seguinte, D. Benta separa os dois fios para mostrar de que modo os mesmos se acabaram de entrelaçar.
Para que se possam torcer os dois fios do novelo, é necessário, antes do fuso rodar com um movimento que permite essa torção, que os fios sejam presos na baínça do fuso, um entalhe que pode ver-se em detalhe na imagem seguinte.
Depois de preso é que se faz rodar o fuso com a mão direita, com um golpe de dedos que parece muito simples mas que encerra uma sabedoria complexa.
Seguidamente, os dois fios já torcidos são passados por cima dos dedos da mão esquerda (a mão que segura o novelo durante todo o processo).
Finalmente, enrola-se o fio torcido no fuso. No final do trabalho, todo o fio torcido fica contido no fuso.
Que inveja... O nosso património é um must.
ResponderEliminarGrande trabalho Daniela!
Ponham-se a caminho os 4 e venham cá visitar-me!
ResponderEliminarBj :)
Que bonito!
ResponderEliminarOlá Rosa
ResponderEliminarA D. Benta é uma mulher de uma sabedoria extraordinária. Hoje, por exemplo, explicou-me por que razão a lã deve ser tosquiada numa determinada fase da lua para não apanhar traça. E fez questão de provar a teoria mostrando-me novelos cuja lã não tinha cumprido o preceito (e que não eram da sua autoria) e, por isso, estavam cheios de traça e duas meadas feitas por ela, expostas ao lado desses novelos, sem vestígios de traça.
Nunca tinha ouvido esse pormenor da fase da lua para tosquiar as ovelhas. Mais abaixo, na Serra do Montemuro, é a urgueira de que se fazem os fusos e agulhas que só pode ser colhida em dois quartos minguantes específicos, senão diz-se que depois racha.
ResponderEliminarRosa
ResponderEliminarSei que há preceitos, embora não relacionados com a fase da lua, para guardar os troncos que depois servem para fazer os socos. Mas vou tentar saber se, por aqui, as fases da lua também influenciam a qualidade dos equipamentos da lã. Obrigada pela informação!
De nada, vivam as boas trocas de conhecimento :) Por aí ainda haverá quem faça agulhas para a malha em urgueira? Queria muito um "baralho" (não sei se aí se diz assim) para a minha colecção, mas ainda não encontrei quem mas fizesse...
ResponderEliminarRosa
ResponderEliminarSei que a D. Benta nunca as usou porque o pai dela fazia as agulhas com as hastes dos guarda-chuvas. Há 50 anos, disse-me ela, não havia dinheiro para comprar agulhas para as crianças, de modo que o normal era mesmo fazê-las com pauzinhos. Vou perguntando por onde passar e se encontrar um baralho está prometido: faço-lhas chegar :)
PS - Ainda não ouvi a expressão baralho, mas ainda tenho muito terreno pela frente!