sexta-feira, 24 de junho de 2011

DA CAPA E DO MANTIL

Mas também podia ser da capucha e do mantim. Ou mandim. Todos os dias aprendo coisas novas. E novos nomes. Mesmo com pessoas que me dizem para falar com os mais velhos. A capa também servia para cobrir os cestos quando o pão levedava. Por cima, acrescentavam os cobertores de lã.


(Capa de burel industrial à venda na loja da Sede do Ecomuseu de Barroso)

Fátima, que em criança cuidava do rebanho, explica-me, ainda, que as capas de burel (ela chama-lhes capas e não capuchas) serviam para aquentar os animais doentes. Para a espinha ter mais aquecimento, punha-se uma capa e um cobertor à volta do corpo dos animais e atava-se com uma corda. Quando estavam nas cortes. E se a constipação era forte davam-lhes umas garrafadas: chá de alecrim, mel e um pouco de bagaço.


(Detalhe da parte de cima da capa)

Fátima é pouco mais velha do que eu. Em pequena usava a capa de burel. Explica-me que à parte da cabeça dão nomes diferentes: gorro, cabeço, carapuço. E que há duas formas de talhar e costurar a parte de cima da capa. Ou apenas com uma costura ao meio ou com duas costuras, ficando o cabeço com a forma triangular que se pode ver na imagem de cima.


(Avental de costas. Aqui usado à volta da cintura. Também à venda na loja da Sede do Ecomuseu de Barroso)


O avental de costas, ao qual alguns chamam mantim ou mandim, igualmente polivalente, parece ter zonas, dentro do concelho, de maior uso. Pitões das Júnias é uma das localidades que me foi indicada como referência. Para a semana, mais liberta das longas conversas com a D. Benta, que estará ocupada com tarefas inadiáveis, rumarei a Pitões para explorar a pista dos aventais de costas.


(Detalhe do avental de costas. Aqui, atado à volta do pescoço)

Agora vou ali a Reboreda, ao arraial de São João, na companhia da D. Benta. Aproveito para apreçar a capa de burel que ela tem por lá.

2 comentários:

  1. Boa tarde...quanto custa uma capa de burel?

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    1. Olá. Pois não lhe sei responder. Dependerá onde a compra ou manda fazer. De qualquer forma, na Vila de Montalegre terá, se a memória não me falha, dois ou três sítios (Ecomuseu incluído) onde é possível comprar capas de burel (confeccionadas, obviamente, com burel de produção industrial).

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