sexta-feira, 9 de setembro de 2011

DOS ANIMAIS DA VILA E DO MONTE

Em maio para urdume, em setembro para teçume. Há dois novos cordeirinhos no rebanho de Benta, desde a última vez que a visitei. Nuvens branquinhas e frágeis que dão vontade de pegar e encher de mimos.
Nos terrenos da casa de Benta não há doninhas, os "bitchos" que picavam os anhos quando se levavam as ovelhas para o monte. As 70 ovelhas que havia em casa dos pais de Benta. Mas havia maneiras de afastar os "bitchos":
Punha-se a capa por cima da burra da caldeira, com uma varinha por dentro e depois apanhava aquele fumo e calor. Há um bitcho que pica os anhos. Com aquele fumo a gente ia para o monte, e a doninha não nos bicava. Afastava o bitcho.
Para a semana há tosquia. Se não chover porque, com a lã molhada, não há tesoura que funcione.



Hoje, já não me estranharam. Deixaram-me aproximar o suficiente para lhes tocar e às crias. Assim, demoradamente. Meigas e doces. As orelhas a revirar consoante o tom de voz e as festas dadas no pescoço e na barriga. E quando largam serenamente pela serra acima a estalar a vegetação e o som cavo das patas a bater na terra dá vontade de lhes seguir os passos...um dia vou por lá.

2 comentários:

  1. Esse dito é lindo! Provavelmente significa que em Maio se tiram fibras mais compridas, melhores para o fio da urdidura. Ou não? Explicaram-te a razão? Um abraço :)

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  2. Rosa: Este dito chegou-me via mail. Contudo, depois de amanhã já vou confirmar no terreno a informação. Mas sim, faz todo o sentido a explicação que avanças. Mas tenho outro dito :)
    "De maio os derradeiros, de setembro os primeiros' - os dias mais indicados para a tosquia.
    bj :)

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Sou uma antropóloga que só pensa em comida...
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