quinta-feira, 1 de setembro de 2011

SABÃO

Entrevistei-a poucos dias depois de ter chegado a Montalegre. Ficámos, na altura, de agendar nova entrevista e filmá-la a fazer o sabão medicinal. Mas depois foi-se adiando, por circunstâncias da vida dela. E continua a adiar-se. O terreno tem destas coisas. De não ser possível determinarmos quando é que as pessoas nos vão ceder o seu tempo.
Reencontrei-a no Congresso de Vilar de Perdizes. Lá estava ela com o seu sabão medicinal. Fez uma nova remessa e não filmámos. Hum. Vou ter de insistir. Não quero perder este registo. E tenho ainda tanta coisa para lhe perguntar.

Um sabão que é feito de coisas simples. Mas impróprio para vegans. Banha de porco, soda cáustica, água e ervas do monte.

Antes de termos a formação das plantas aromáticas, eu já sabia fazer sabão. Aprendi com os nossos mais antigos. Sabão de lavar a roupa. Antigamente, para o sabão da roupa servia tudo: a gordura do chouriço frito, o azeite frito, queimado, guardava-se tudo e aquilo transformava-se no sabão. Agora não. Agora só faço com banha de porco. No dia da matança dos meus porcos guardo. E das matanças das pessoas minhas amigas dão-me, na hora exata, a gordura do porco. Não pode ser de borrego, nem de vitela.
Para fazer o sabão uso 4 ervas: malvas, folha da nogueira, os milfolhos e as maravilhas. As folhas da nogueira são boas para as infeções, as malvas são boas para fazer lavagens, o milfolho para as varizes. São ervas contra alergias, feridas. O sabão pode ter duas cores. As pessoas perguntam por que há um que é tão escuro e o mais claro. Tenho de explicar. A planta que faz mais escuro o sabão é a folha da nogueira e basta estar mais atempada a folha. Se for a folha da nogueira mais atempada, mais dura, mais rija, fica mais escuro. É só essa a diferença, mais nada.
O sabão até nem cheira a nada, vá. Mas depois como leva a gordura fica tipo cremoso, é mais macio. Há pessoas que têm muitas alergias e é muito bom, já tiveram sucesso. Olhe é feio, nem o sei cortar bem, nem faço com regras...mas é muito bom, muito bom. (Maria das Dores, Vilar de Perdizes)



6 comentários:

  1. falta uma coisa neste post: a ficha de encomenda! Fiquei com imensa vontade de experimentar :)

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  2. :)
    Obrigaste-me a ir tomar um segundo banho só para experimentar o sabão! É muito suave, pouca espuma e não deixa a pele seca. Tenho dificuldade em definir o cheiro. Mas se tivesse que adjetivar seria o da terra depois de chover :)
    Telef - 276536311

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  3. Havia um sabão da Lush, o Mud Flats, que tinha um aspecto semelhante, mas a composição era: lama, limão e alecrim. Uma das melhores coisas que já pus no rosto, ficava limpo, a pele macia, nem ressecada, tampouco oleosa. Uma maravilha. Quando vi este aqui, pensei que fosse à base de lama também. Mas o experimentava mesmo assim, adoro sabões naturais.
    Beijinhos!
    PS. Vai que surge uma ocasião para te vestires de Capuchinho Vermelho? ;-)

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  4. Olha o que quis dizer: http://www.lush.co.uk/shop/product/product&product_id=1061
    Pois a senhora não tem de se preocupar com o aspecto, o que importa é o conteúdo.
    Há mais ingredientes do que citei, claro ;-)
    Beijinhos,

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  5. Dani:)
    Fui ver a imagem e parece mesmo igual!
    Contudo, a minha experiência com a Lush é bem ambígua. Os sabonetes (daqueles que se cortam à fatia e apetece comer)são deliciosos, mas a leitura dos ingredientes (que só estava disponível naquele jornal que distribuem na loja e agora online) é uma desilusão. Muito químico para o meu gosto :)
    beijinhos

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  6. Sim, sei o quanto você é mais "natureba", como se diz no Brasil :-)))). Não tenho a ilusão de que sejam super orgânicos, coisa e tal, mas já são melhores do que alguns.
    beijinhos!

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Sou uma antropóloga que só pensa em comida...
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