Viajámos hoje, a câmara-woman e eu, por uma parte do concelho com o objetivo de recolher imagens que venham a integrar o documentário que, junto com os textos etnográficos, constituirá o output deste projeto. Um trabalho a que vamos dedicar um dia por semana nas próximas semanas. No inverno, quando vier a neve, recolheremos novas imagens dos mesmos lugares.
Por agora, apesar de já se sentir um friozinho que obriga a usar agasalho mesmo nas horas de maior calor, aproveitam-se as últimas semanas de tempo razoável para lavar e secar ao sol os têxteis da casa. Como vimos hoje, em Negrões, junto a um dos tanques públicos.
Procurei, junto das poucas pessoas que encontrei nas ruas da aldeia, indicação sobre a(s?) dona(s?) das mantelas e dos tapetes expostos. Mas, infelizmente, desta vez não havia ninguém para me contar as histórias daquelas peças. E, uma história, faz-nos ter uma perspetiva completamente diferente das coisas, não faz?
Parece que terei de voltar, um dia destes, para buscar essas histórias. Às vezes, as pessoas acham que só têm trapos em casa. Mas quando lhes pedimos as histórias desses trapos, quando alguém se interessa por aquilo que as pessoas julgam, no seu isolamento e solidão, ser irrelevante, as suas memórias são resgatadas para o presente e começam a valorizar coisas que estavam esquecidas ou eram consideradas menores. Mas, mais importante, começam a valorizar os seus saberes. Começam a valorizar-se a si mesmas.
E é, também por isso, que eu gosto de estar no terreno.
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