Tinha o corpo esguio e movia-se com agilidade silenciosa entre os participantes que, a brincar, já tinham reclamado por comida. Carregava, sobre uma rodilha grossa, um cesto com comida para servir aos que malhavam e a todos os que se achegassem para partilhar do mata-bicho.
Estendeu a toalha branca, destapou o cesto e de lá tirou malgas, copos e travessas compostas de fatias de queijo e de presunto. E das mãos esguias caíram, de uma forma etérea, fatias de pão. Como se ela estivesse a alimentar os filhos e não os estranhos que se achegavam junto da toalha branca.
Forças retemperadas com vinho, pão, queijo e presunto, voltou-se a ouvir o som dos malhos a cair sobre o centeio. Não se cantou. Mas, na véspera, já D. Teresa me tinha ensinado a letra:
Vamos para a eira malhar
Bater com o malho no chão
Temos que bater bem duro
Senão, não sai o grão
Nós andamos a malhar
Malhamos às carreirinhas
Temos que voltar atrás
Para malhar as carreirinhas
Espalha o colmo, espalha o colmo
Espanha o colmo espalhadinho
Espanha o colmo espalhadinho
Lá vem o colmador
Para ir colmar o moinho
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