quarta-feira, 24 de agosto de 2011

DIABOS IMAGINÁRIOS

O dia de hoje foi exemplar para perceber de que modo os relatos etnográficos que lemos ou que nos chegam de forma indireta podem ser tão distantes da realidade.
A informação era que em Cavez, aqui no concelho de Cabeceiras de Basto, na madrugada em que o diabo anda à solta, a população da aldeia, antes do sol raiar, iria ao rio Tâmega deitar uma peça de roupa interior e tomar banho na fonte sulfurosa que existe numa das margens.
As horas foram passando e nem vestígios de madrugadores a desfazerem-se das peças íntimas no Tâmega nesse ritual de transgressão :) O ritual, ou nunca existiu ou já está esquecido, porque nem as pessoas mais velhas se lembram dele.
O que se facto se continua a fazer é a lavagem, na fonte sulfurosa, das partes do corpo afetadas por doenças dermatológicas .
De seguida, vai-se à capela, na outra margem do rio, e cumpre-se a segunda parte do ritual de proteção. Beija-se a figura de S. Bartolomeu que depois é imposta na cabeça do crente.
Acredita-se que quem se submete a este ritual cura as suas loucuras, mas que quem não sofre de nenhuma patologia do foro psíquico passa, a partir desse momento, a sofre desse mal.
Eu preferi não arriscar :)



O dia ainda me permitiu ir ao Museu de Cabeceiras de Basto e obter alguma informação sobre as mulheres que Bucos que usavam o pisão de Tabuadela, do pai do sr. Francisco, para apiosarem os seus cobertores.
E no sopé da Serra da Cabreira conheci um velho pastor, verdadeiro património vivo, que um dia destes ainda me vai aparelhar um cavalo para eu montar :)
E é capaz de estar ali um informante de exceção para um próximo projeto...

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